Arara

Sabia 01

Sabia 02

Anno Domine 1983. 
Peça feita com sons do instrumento que chamei de vibrata (que evidentemente era incapaz de fazer qualquer vibrato!). Era um dulcimer sem cordas, envenenado por varetas de guarda-chuva com durepoxi nas pontas. Devia ser microfonado milimetricamente de perto. Improvisava por cima de uma gravação do mesmo instrumento, lida em diferentes velocidades. Esta versão é uma gravação no Estúdio da Glória, Rio de Janeiro, 1984. Foi tocada no Festival Musica Nova de Santos em 1984(?)

Vibrata

Gravação de duas pererecas saindo de sincronismo e voltando.

Pererecas

Três peças explorando a pedra de sílex comum no local. Compostas entre 1989 e 1990.
Abandoning the notions of rigor and economy, it practices a mode of composing less contrived and justified than the two others. Long sequences in superimposed loops establish almost graphic relationships of rhythms and spatial interplays, sometimes being interrupted by irrational masses. Harmonicity attempts are either mixed with or interpolated by rhythmic sections.
Esta última peça do ciclo NORFOLK FLINT também foi composta com material extraído de pedras de sílex, mas não se limita a explorar pequenas avalanches gravadas na pedreira. Ritmos e personagens são criados a partir da superposição de "samples" com diversos tratamentos e "loops", que se acumulam de várias maneiras, sempre em busca de uma certa "abundância".

Canto

Três peças explorando a pedra de sílex comum no local. Compostas entre 1989 e 1990. 
The second piece is an attempt to develop a more discontinuous narrative: a composition of domestic disasters. Pitches and rhythms are more randomly introduced, leaving room to experiments with 'serially' organized little avalanches. All events, even the most chaotic, derive from very detailed writing (in a MIDI sequencer). Attack transients cut from the first milliseconds of samples were organized as continuous lines crossing the panoramics, over backgrounds in which superimposed recordings of falling blocks try to establish contrapunctal games.

Neolítica

First part of Norfolk Flint. It presents a conflictive relation between repetition (of only a few pitches) of primitive pulsating rhythms, against the singularity of contrasting events: the noisy coloration of some individuals, the scraping attacks, the movement of virtual places in the panoramic dimension.

Primeira parte da série NORFOLK FLINT, onde tentei extrair o que pudesse de gravações de pedras (flint = sílex) em quedas e choques.
Jogo entre a banalidade (de pulsações e alturas) contra a singularidade de eventos q qualidades contrastantes (ruído, ataques complexos, movimento panorâmico em espaços virtuais.

Introdução à Pedra

Três peças compostas entre 1992 e 1993, explorando movimentos circulares e espirais. Exploração da materialidade siderúrgica e industrial. O crime ambiental e humano em Volta Redonda. Viver em Stoke-on-Trent, importante ex-centro industrial de cerâmica.

A Noite em Concha (1993) encomenda do Arts Council of Great Britain

Industrial Revolutions (1993) encomenda do Groupe de Recherches Musicales de l'INA

Esta é a terceira peça na qual interpreto algumas idéias propostas na escultura HEAVY METAL (cinco mapotecas empilhadas com as gavetas abertas em escada) de Milton Machado. 
A dinâmica espiral e homeomérica da escultura guiou decisões em todas as versões. Esta, a mais recente, é disparada pelo mesmo som utilizado na primeira versão: uma bolinha girando. A primeira versão (HEAVYMETAL-1986) explorava noções de materialidade metálica e uma cadeia seqüenciada de causalidades; a segunda (HI-FI-1987) era fiel aos processos de construção de mapotecas. 
VOLTA REDONDA é o braço da espiral na direção da origem do metal usado nas mapotecas, a siderurgia de uma cidade com nome notável e que acabava de ser sacudida por um terrível acidente. Na peça tentei ‘narrar’ uma progressão lenta fundindo materiais ferrosos (siderúrgicos) com a atmosfera espacial (sideral) por meio de filtragens em sons gravados com o microfone.

Volta Redonda

Composta em 1997, como encomenda da Bolsa Vitae de Artes.
Música acusmática cuja nota de programa é um livro do mesmo título, publicado pela Editora 7Letras em 2008.

Desenho de Liliza Mendes

Círculos Ceifados

Parte da série TOPOGRAFIAS. ‘Topografar’ a música seria vê-la como algo exterior, um sobrevôo de imagens, figuras, trajetórias e lugares virtuais. 
Em lugar deste vôo, A PAISAGEM (1987) expõe uma aterrisagem forçada matéria adentro - uma inútil tentativa de retenção do fluxo temporal. A gravação da soprano Amelita Galli-Curci, feita no início do século XX, presta-se a pesquisas que se iniciam narrativamente, como se a agulha do gramophone penetrasse na massa do suporte de gravação. Debaixo de uma ‘chuva’ de materialidades - que não excluem a da ebonite - passam notas distantes da gravação original, não por acaso da ária ADDIO DEL PASSATO, da TRAVIATA. Disse-me, na época, o Tato Taborda: ‘...estás passando por uma fase muito gótica, meu caro...’. Mas o processo de composição foi pura diversão, quase jazzístico: não muito mais que uma sessão de improvisação em estúdio, em que a maior parte do tempo tinha sido dedicada à montagem de dispositivos no sintetizador (Roland System100), de set-ups nos delays (analógicos), de trechos gravados em fita (dois gravadores Revox bipistas e um Teac 4 pistas), mais um sintetizador DX7. Da mesma época, e como resultado desse mergulho, surgiram (e sumiram) as MINERALOGIAS.

A Paisagem

O zumbido que ouço: está em mim ou está fora de mim? Atento à narratividade de uma cena naturalista o ouvido a deixa porém mais tarde se funde entre duas escutas: uma 'musical' e outra 'referencial' (apenas para perguntar: qual é qual?).

Tinnitus

Parte de Três Peças de Balcão (que são quatro), compostas em 2005. Estreadas em dois canais (originalmente em quatro) no Festival MaerzMusik, no Festspiele em Berlim, em 2005.

Rodolfo Caesar

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