O primeiro EP da banda pernambucana Terno de Zabumba, Dansa, traz duas músicas instrumentais compostas e arranjadas por Lucas diFreitas (Pífano). O Compacto Duplo Digital é uma produção independente e conta com dois baiões-rock, gravados no estúdio da UFPE em janeiro de 2017, na qual os músicos se valem da formação básica dos grupos de rock, o Power Trio (guitarra, baixo e bateria), adaptando-a para pífano, violão e zabumba.
O projeto tem como base ritmos do forró, misturando elementos das antigas Bandas de Pífano com uma pegada mais pesada no uso dos instrumentos regionais, no qual, muitas vezes, a zabumba soa como bateria e o violão e pífano exploram a distorção acústica e melodias mais diretas.
Dansa, palavra encontrada no Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa), remete à fluidez que o “s” dá ao movimento do corpo quando acompanha o ritmo da música, já que para seu autor o cedilha do "ç" prende a palavra no chão. As duas faixas, Purpureando Olho e Rosácea, servem para ouvir e “dansar”, onde o pífano é o solista e divide alguns momentos melódicos com o violão, e o pulsar seguro da zabumba retoma a função de garantir o embalo que o baião e o rock têm enquanto gêneros musicais "dansantes".
Feito de modo artesanal, com o só uso de instrumentos acústicos, o EP reflete a preocupação dos músicos em inovar através de um trabalho orgânico em que a sonoridade seja produzida com baixa tecnologia, mas sem o saudosismo conservador.

Rosácea

Purpureando Olho

Terno de zabumba é um trio pernambucano formado por Lucas diFreitas (pífano), Taylor Uchôa (violão) e Marina Bandeira (zabumba), cuja proposta maior é a divulgação de músicas autorais e instrumentais. Suas composições e arranjos têm como base rítmica o Baião com uma pegada de Rock, não dispensando a incorporação de outros gêneros musicais distintos.
O power trio nordestino teve seu início nas aulas de música em Nossa Senhora do Ó (Ipojuca/PE), ao longo de 2015, nas quais Lucas (professor) improvisava temas no pífano e os demais o acompanhavam. No final de 2016, quando os alunos já estavam bem desenvolvidos, o grupo foi criado para um trabalho acadêmico dentro do curso de Música da UFPE. Então, no início de 2017, a banda recebeu um convite para gravar seu primeiro EP, Dansa, nos estúdios da própria instituição, e os integrantes decidiram levar o projeto adiante.
A proposta estética central da banda é produzir de modo artesanal os efeitos sonoros a partir de instrumentos acústicos, sem o uso de instrumentos elétricos ou digitais – o que dá às músicas um toque muito pessoal. Além disso, as composições buscam na simplicidade a força de sua beleza, não distraindo os ouvintes com solos virtuosísticos ou arranjos muito complexos. A música é feita com o máximo dentro do mínimo, em termos de elementos (melódicos, rítmicos, instrumentais).
O próprio nome do grupo sugere a ligação com as antigas Bandas de Pífano que animavam os bailes pelo Nordeste – também conhecidas como Esquenta Mulher, Terno de Pífano, entre outros. Entretanto, há momentos em que a zabumba soa como bateria, o pífano distorce o som com a fricção do sopro mais forte e o violão se vale do over drive natural do tanger as cordas com peso. Essa  linguagem de mistura da delicadeza que os instrumentos acústicos podem proporcionar com a agressividade própria do Rock é a aposta que o Terno de Zabumba faz na sua música.

Terno de Zabumba

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