O Awê é 'coisa de antigos', nem os avôs dos velhos sabem dizer como começou...

Gravação do Awê da Lua Cheia, realizado na primeira lua cheia do ano, dia 12 de janeiro de 2017 na aldeia Barra Velha, Parque Nacional do Monte Pascoal, Bahia, Brasil.*

Gravado por Fernando Cespedes, pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP. Publicado com autorização do cacique Sebastião (Currupixá) da aldeia Xandó.

Crédito da imagem: Arissana Pataxó.

*Awê Pataxó in tribute to the first full moon of the year. The ritual took place on Jan, 12th, 2017 at Barra Velha village, located at the Monte Pascoal National Park, Bahia, Brasil.

Awê Pataxó: Stuff of the Ancients

Começamos nas paisagens sonoras da Baixa Idade Média e sua mescla de sons naturais e urbanos. Em Lisboa, ouvimos a fusão da metrópole e da colônia brasileira nos lundus e modinhas. Em Nápoles, a influência das culturas mediterrâneas na forma da canzone. Em Paris, a chanson como forma de entretenimento nos cafés e salões. O passeio termina com o rádio levando a canção aos quatro cantos do mundo.

Trilha da pesquisa 'Música das cidades: o surgimento da canção popular moderna como forma de representação do indivíduo', publicada pela Mediapolis, da Universidade de Coimbra e pela Ensaio, do Conservatório de Música de São Paulo. Artigo está disponível em goo.gl/QAi2BM
___________________________
Canções:

50" - Ardo per te, mio bene (Carlos Gesualdo, XIV, pela Ensemble Métamorphoses)
Um madrigal sobre o ardor da paixão: "Ardo por ti, meu bem, te amo, mas o ardor move um doce aura em meu coração".

4'55" - D'où vient cela, belle (Claudin de Sermisy, XVI, intérprete desconhecido)
Chanson Renascentista, um triste lamento sobre um amor perdido: "por quê você não mais busca minha companhia?".

9'- Fine knacks for ladies (John Dowland, XVI, intérprete desconhecido)
Canção inglesa sobre um mascate que, apesar de humilde, tem coração nobre: "Apesar de minhas mercadorias serem lixo, meu coração é verdadeiro".

12'24" - Sentido, ternos amantes (Domingos Barbosa, o Lereno, e Anônimo, XVIII, pelos Segréis de Lisboa)
Lereno avisa: "Correi todos a cidade, que ali se recolhe amor".

17'04" - Ora A Deus, Senhora Ulina (Lereno, XVIII, por Patrícia Chow & Carolina Ribeiro)
'Conte-me, teve saudades? Não? Nem de mim se lembrou".

18'40" - Quando eu não amava (Lereno, XVIII, pelos Segréis de Lisboa)
"Quando eu não amava, alegre viva, agora que eu amo, perdi a alegria".

20' - Lundu (Anônimo, coletado entre 1817 e 1820, intérprete desconhecido)
O Lundu afrobrasileiro influenciou as Modinhas, este foi coletado no Brasil por C.F.P. von Martius no XIX.

20'59" - Você trata amor em brinco (Lereno e Marcos Portugal, XVIII, por Rosemeire Moreira & Juliana Parra)
"Você zomba com o amor e não é para zombar".

23'25"- Te voglio benne, assaje (Letra de Raffaele Sacco, 1835, por Sergio Bruni.)
"Eu te amo e você não pensa em mim". Vencedora do 1º Festival da Canção de Piedigrotta.

25'12" - Cannetella (G. Cottrau, 1829, por Fausto Cigliano)
Canzoneta de amor na qual um homem pede a sua amada que "... dê ouvidos a esta loucura".

26'55" - Cicerenella (Anônimo, XVIII, pela NCCP)
Minha Cicerenella, você é boa e bela!" Cicerenella é um apelido carinhoso.

30'24" - Frou Frou (M. Montréal e H. Chatau, 1898, por Line Renaud)
"Quando o homem ouve o frou frou, é incrível sua ousadia, de repente vê a vida em rosa, se eletrifica e enlouquece"

32'30" - Viens, Poupoule! (A. Spahn, H. Christiné e A. Trébitsch, 1902)
"Sábado à noite, diante do Moulin, o operário parisiense diz à sua mulher: para a sobremesa, te pago o café concerto!".

34'35" - Plaisir d'amour (J. P. Claris de Florian e J. P. Égide, 1785, por Gauthier Armand, 1927).
'Prazer de amor que só dura um instante, tristeza de amor que dura toda a vida. Você me trocou pela linda Sylvie, ela te troca por outro amante".

37'30" - Isto é Bom (Xisto Bahia, voz de Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano, 1902)
1ª canção gravada no Brasil: "Levanta a saia mulata, não deixe a renda arrastar, a renda custa dinheiro, dinheiro custa a ganhar".

38'40" - Redemption Song (Bob Marley & the Wailers, 1980)
"Velhos piratas me sequestraram e me venderam para os navios mercantes minutos depois de me tirarem do porão sem fim".

39'33" - Guantanamera (Joseíto Fernández, 1929, por Compay Segundo)
"Sou um homem sincero, de onde cresce a palmeira, e antes de morrer eu quero, tirar meus versos da alma".

40'32"- The Times They Are a-Changin' (Bob Dylan, 1963).
"Há uma batalha lá fora e ela está raivosa, Em breve, fará tremer suas janelas e chacoalhar suas paredes pois os tempos estão mudando".

The Sonic Beings

Popular tracks