Música e Letra: Tierry Motta

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Pelos esconderijos da manhã
Vozes dilaceradas a ensurdecer 
Temem a paz dos filhos de Tupã
Choram pelas janelas mas jamais atingem você

Que a brincar no meu país
As caretas laidies de verniz
Fez enlouquecer
No espelho do seu olhar envelhecer

Dia após dia o mesmo carnaval
Jogam confetes, sonhos ao entardecer
Pintam de ouro a fome nacional
Primeiro de abril é hoje e sempre
Sempre esqueço você

Quero toda a embriaguez 
Um bom vinho, vê que insensatez 
Sei que deve haver 
Na lua um néctar puro pra beber

Esquinas, vitrinas, crimes, futebol
A dança macabra, o trauma vêm se exibir
Prepare-se pro que vem, passe cerol 
A linha que prende a vida pode se ferir
Disparo palavras loucas de festim
Você se confunde aos homens pra não se perder
Expulso os outros bobos que há em mim
Persigo a sua sombra, o verde, a flora, o rio, um tiê 

Quem vem lá aonde for
Teu sorriso, pétala de amor
Me guiou aqui
Tão longe que eu só tenho aonde ir
Sobre o asfalto, luarais
Contramão a todos os finais
Ninguém percebeu
Éramos a brincar você e eu...

Éramos a amar você e eu

Menino Amor

Música e Letra: Tierry Motta

Gravado em 2015

Licença, o vento traz
o cai das águas de setembro
é pão, é treva, é cordar
o solo aguarda o seu rebento
a mãe das flores, o altar

Mas cuidado, pequeninos
somos chão lugar do mundo
Qualquer porta algum abrigo
está trancado a medo e muro

Damos graças, não, não sofra em vão
tudo vem de semear
Caem do céu bênçãos e dores
bate no peito amor pra dar

***

Licença pra molhar
o cai das águas de setembro
é palco, é tela, aterrar
o mando do desmundesmata
racha o chão, quem vai aguar?

Serão lágrimas, crianças
ou o sangue no espinho
ou talvez aquelas tranças
venham chorar um novo vinho

O que é certo é rede, é muro
hiperespaço temporal
- a palavra escreve a meta
diz um sonho faz real

***

Damos graças, pequeninos
somos chão lugar do mundo
- a palavra escreve a meta
diz-um-sonho-faz-real

Serão lágrimas, crianças
ou o sangue no espinho
- a palavra escreve a meta
diz-um-sonho-faz-real

Aguachão

Aguachão (guia)

Poeta e compositor, cantor da Vida e da Morte, como um mutante aprendiz, Tierry Motta, paulista insularado, prossegue em seu profundo passeio pelo universo da música popular e literatura brasileiras e universais. Sobe ao palco para oferecer ao público a singeleza de suas trovas, o tocante de suas canções e a interpretação de clássicos lembrados ou esquecidos de nosso cancioneiro popular, com voz e violão - sendo a primeira dotada de um timbre forte e muito peculiar e o segundo levado com humor notadamente brasileiro.