Silêncio que ensurdece e desvanece na escuridão.

Träumereien - Vociferando Silêncio

Reflexo do passado.
Uma verdade escondida
sob manto morto e perfurado,
sob aberta ferida.

Consternado.

As faces da mente vêm em perspectiva, 
comitiva que devora e mendiga,
novos pontos de encontro
com um suposto Ser que,
em eterno desencontro,
se encobre nos mantos,
nos âmbitos, de um homem desabado.

Desabou e desabafou, porque viu, sentiu;
Emergiu do tudo para o nada.

Suposto tudo, 
pérfido e ilusório, 
podre como a ilusão da perpetuação de um existir constante,
de um Eu importante.

Eu sou o nada. Do nada vim.
É a ele que pertenço.
E como sou o nada, portanto, pertenço a mim.

Sou o nada que me convém. 
Vazio, ferido e vivo.

Nada. Nada além de mim.

Träumereien - Construindo Nada

Träumereien - De Um Tempo Outro

Hermenn - Hávamál

Com dois corvos caminho dia a dia, noite a noite. Espreitam-me a cada rajada de voos rasantes, rastejando pelo ar, ensandecidos. Um é mais escuro que o outro, eu diria, é tão escuro quanto a incomensurabilidade da extensão do negro. Ele está lá a mais tempo, atingido pela senilidade febril das negritudes que constroem destruições e que erguem caminhos alvos e altos que evocam ninhos de reconstruções. O outro, momento vivido, invariavelmente perdido entre as pastas de ar que se formam com seus golpes de asas, projetadas para se fundir com os ventos dos sentimentos que escalonam o Cosmos, voa tão perto de mim que falta pouco, muito pouco, tão pouco quanto a menor das medidas de medição, comigo se unir. Quando eu estiver com plumas negras a voar com estes corvos, terei então alcançado estado catártico, uma vez mais, de revolução do ser.

Träumereien - Corvos De Vento

Debates frívolos, ideias parcas, embates nítidos, pessoas fartas, facas, foices, pseudo-fortunas fomentando fossos fabris de fontes febris ao nada. Mecanicismo doentio, pragmatismo torpe, sabedoria a mil soando o canto da morte.

Suicídio? Pois bem, eu decido quando dar o meu último suspiro.

Ah, quem me dera existisse Pasárgada! Não como concebera Bandeira, mas como sonha este que vos fala.

O que desejo, pouco importa, afinal. O que tu desejas é o ponto crucial, pois antes de conhecer o outro, conheça a si mesmo e sonhe como tal.

Sartreriza-se. Existencializa-se. Conceitos, nomes ao léu. 
Paremos com esse monólogo encapuzado e com gosto de fel. Antes da suposta identidade ganhar vez, o baile de máscaras dança e canta e manda e planta por mais um mês.

O baile das cobras sibila estridente coro de peles em troca.

Morta está a serpente que vivia aqui e ali, ergue-se do posto antes exposto ao outro, e faz-se presente enquanto ser pertinente ao que se faz decidir pelo desejo do eu que hoje, amanhã, ou depois se apresentará por ai.

Ontem eu, hoje eu, amanhã eu. E depois? Quem sabe. Ninguém sabe de nada, nada, ninguém.