Álbum: Pássaro Preso
Poema e Voz: Silvana Leal
Música: Billy Shears

O silêncio tem me ensinado coisas incríveis
Eu tenho perseguido os passos da aurora
Amanheci alinhavada ao horizonte
Deixei cada coisa a seu tempo
E via todos conjugarem todos os tempos
Tamanha é a fala silenciosa do tempo
Ele passa rápido demais, ora se prolonga indefinidamente ora é para uma vida inteira
E que vida inteira é esta, atrás dos muros e verdades anônimas?
As vontades atravessam gerações todas comungam
Uma nova fala parte do silêncio
O que se introduz tem verdadeiro sentido de revolução
Todos comungam das dores e dos prazeres
Das calamidades e da bonança
Todos ricamente crescem
Todos os componentes e corporações
Querem comunicar o incomunicável
O sem sentido
Eu persigo minha lucidez
Eu sigo a luz e a loucura não me parecerá sombra
Eu me calo ante ao mistério
Eu assisto ao seu poder de dar grandiosidade aos acontecimentos

Revolucao De Si - Silvana Leal & Billy Shears

Álbum: Pássaro Preso
Poema e Voz: Silvana Leal
Música: Billy Shears

eu
tu
nós
vós
em olhar soberbo

a que tanto anda
vossas vaidades?

o pé apóia o ventre
entre a saia, o visgo
e a travessia das mãos

a dama sem vagabundo
segue seus segmentos
de arborescência e ebulição

o pé após o ventre
entre  às coxas
a  margem dos lábios
desvenda à lenda

tudo fala mesmo
quando não há fala

sete setas circulares
segue o corpo
são sete setas circulares

yo no sé o que es el amor contemporaneo
no se que ES no ser contemporâneo
yo soy mi tiempo
yo 
tu
nosostros
vosostros  somergidos
en un mirar soberbo

Segue O Corpo - Silvana Leal & Billy Shears

Álbum: Pássaro Preso
Poema e Voz: Silvana Leal
Música: Billy Shears


{me livre da masmorra
não sou bruxa sou poeta em Pessoa
sou Carlos, Manoel, Paulo, João
sou Adélia, Hilda, Cecília, Clarice
antes mesmo da poesia
antes de mais nada 
nasci pessoa leal
cuspo tudo de virada
açúcar nem sempre é palavra doce
o que vira poema não está a venda 
a feira  acorda cedo e tem  legumes frescos
o que vira afeto reconhece o toque

não sou mercadoria 
sou poeta em pessoa
sou a poesia

Sou a poesia (Café Com Sobremesa) - Silvana Leal & Billy Shears

Álbum: Pássaro Preso
Poema e Voz: Silvana Leal
Música: Billy Shears

a concha_sonhadora se desloca
a palavra emoldurada busca
seu lugar de encantamento  
(o) corpo

vaga um aroma perpendicular
palavra_imagem_imã
os olhos serpentes aninhadas
carícia
 
o desejo brota
do interior_carne
parede sem fronteira
divina

do gosto que vibra o poeta atraído se trai
cada palavra traduzida em sua 
visualidade diversa    
sonha

desafiar o papel de cada matéria
de línguas desconhecidas
 o mistério 
traduzir

mapear cada lugar
 e seu espaço no espaço
encontrar o incontrável
intraduzível

o dedo quer tocar o instrumento
a pele quer o vínculo
o poeta
poema

Espaçamento Lírico Do Eu Profano - Silvana Leal & Billy Shears

Álbum: Pássaro Preso 
Poema e Voz: Silvana Leal
Música: Billy Shears

Elevo ao céu meu amor ao mar
O mar move meus pensamentos 
secretos
Aqui o silêncio me habita 
sem que eu me debata
em gritos, 
inúteis
A maré cheia engole até os pensamentos
abstratos
A primavera chegou chuvosa limpando 
os parasitismos 
do inverno

“eu quero sugerir que a linguagem, a mente
e o pensamento são de alguma forma, também
um produto de profundas pressões, como a pedra
e que os processos geológicos e mentais são análogos”*

Eu morri pela boca ao proferir 
palavras mortais
Eu aprendi como silêncio a proteger-me
das minhas mazelas
Eu emprenhei de uma consciência onde o silêncio
tem resguardado dos meus mistérios
Eu não prescindo da boca
eu existo pela escrita
Morri pela boca ao proferir 
Palavras mortais
Morri pela boca

*citação do poeta Gary Snyder

Morrer Pela Boca - Silvana Leal & Billy Shears

Álbum: Pássaro Preso
Poema e Voz: Silvana Leal
Música: Billy Shears
clip oficial https://www.youtube.com/watch?v=Wd9WjCjdAJs&ab_channel=Ateli%C3%AACasadasIdeias


das noites em claro
dos dias nebulosos
dos distanciamentos 
apenas a certeza do amor
que busca refletir urgências

na profusão de tantos desejos
e que de tantos, estes violam a calmaria
nós ao menos buscamos um pacto de transparência
isso surge para salvar nossos corações inquietos

eu preciso ir além do muro, material bruto 
que surge de um sistema bruto
selvagem que é

eu amanheço pássaro preso
mas me liberto no espaço vazio
para em seguida recompor-me no azul

o espírito atravessa vicissitudes
vai em busca de camadas espessas 
que o tornem ainda mais transcendentes

a poesia atravessa toda a margem
o som que vem de ti me penetra
e eu componho contigo 
uma canção em silêncio

eu amanheço pássaro preso... 
eu preciso ir além do muro...

Pássaro  Preso - Silvana Leal & Billy Shears

Esta música foi criada em parceria com Albano Dias para a exposição "Híbridos Habitantes", são trechos do conto Molusco Habitante, do livro "Erotismo Proibido nos Lábios" de Silvana Leal.
Música: Acácio Piedade e Albano Dias
Voz: Albano Dias e Silvana Leal
Ilustração: AllBano Dias

Amo Torto

Obra sonora de autoria de Silvana Leal que participou da exposição Dizer e Ver, em comemoração aos 156 anos no poeta Cruz e Souza, no Museu Histórico de Florianópolis, novembro de 2017.
Poemas extraídos do livro Faróis do poeta Cruz e Sousa
concepção e voz Silvana leal
música Marcelo Troncoso (violão) 
Benedikt Mesing (violão) 
Acácio Piedade (eletrônica e edição de som)
Guilhermo Costa (eletrônica e edição de som)

Sobre a obra 
O tríptico corpo sutil de Cruz e Sousa é uma instalação multimeios que se utiliza da poesia falada e da música, contendo  três poemas extraídos da obra  Faróis, livremente interpretados por Silvana.  Um fone de ouvido é instalado junto aos três quadros, na cor púrpura, contendo as palavras títulos do poema. A palavra aqui é concebida como o corpo sutil e linguagem suprema do poeta negro, que percorre a língua com rigor vocabular e de grande riqueza sonora que são explorados na forma composicional, desde a instalação pictural à sonora que trás a tona todo o campo imagético do poeta.  A escolha da cor púrpura se dá por ser a cor por ele citada neste poemas e que por excelência é a cor que simboliza a espiritualidade, a transcendência.

O corpo sutil de cruz e sousa

As Coisas é uma criação coletiva de improvisação livre tendo como base uma faixa sonora previamente criada que serviu para estruturar o tempo. Nesta faixa há sons eletrônicos e uma poesia falada pela artista multimídia Silvana Leal. Os músicos somente ouviram esta faixa no momento da performance, fazendo-os reagir e dialogar com os sons gravados. Aqui haverá uma interação entre suporte fixo e improvisação instrumental livre, a faixa gravada tem parâmetros manipulados em tempo real e guia os caminhos da improvisação. Violino: Débora Remor; Violoncelos: Érico Miranda Schmitt e Pedro Rangel; Violões: Benedikt Mensing e César Damaceno; Clarinete: Tomaz São Thiago; Baixolão: Rodrigo Moreira; Piano: Weliton Carvalho; Criação eletrônica e manipulação ao vivo: Acácio Piedade; Voz e poemas: Silvana Leal.
Gravado no Festival Internacional de Arte e Cultura José Luiz Kinceler, Florianópolis, 06/02/2018.

GMEC - As Coisas

Silvana Leal é psicóloga de formação e artista multimeios. Iniciou sua carreira no campo das artes visuais e da literatura, trabalhando com a fotografia, poesia e principalmente a performance como suportes básicos de seu trabalho. Hoje a artista ampliou o seu espectro de linguagens, tem trabalhado essencialmente com audiovisual, projetos gráficos e editoriais, além da pintura, gravura, e lança em 2021 seu primeiro EP.  Ela já vinha fazendo trabalhos na música, desde 2012, quando lançou o espetáculo poético- musical Palavra Açúcar live, em parceria com o músico Airton Perrone. Em 2016 participou, como artista convidada do grupo GMEC – Grupo de Música Experimental Contemporânea, coordenado pelo prof. Acácio Piedade, do Departamento de Música da Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC. No mesmo ano estreou o Espetáculo performático e musical Linhagens, que misturava música ao vivo, performance e audiovisual.  Produziu ainda sete obras sonoras em parceria com o artista visual All Bano Dias e Acácio Piedade para a exposição Híbridos Habitantes. Participa, em 2017 da exposição coletiva, Dizer e Ver Cruz e Souza, em comemoração aos 156 anos do poeta Cruz e Sousa, no Museu Histórico de Santa Catarina com a obra sonora "O corpo sutil de Cruz e Sousa".

Publicou os livros: “Erotismo Proibido nos Lábios” em palavras e imagens (2001), Todocorpo (2007) Travessa dos Editores, Palavra Açúcar (2012) Papaterra editora. Catálogo O que há de vir? (2012), A dama de Vermelho e o Homem Nu (2018).

Atualmente Silvana reside em Florianópolis, é diretora do espaço artístico Ateliê Casa das Ideias, na qual coordena projetos culturais e editoriais, desenvolve trabalhos de criação, curadoria e orientação criativa dentro do Programa de Residência Artística e Consciência Criativa.

Silvana Leal

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