A partir da concepção geral do filme, as atmosferas psicológicas dominam a cena. A relação conflituosa e agressiva entre os personagens nos fez escolher uma paleta de sons que passam pelos famosos Pianos Preparados de John Cage, cordas de orquestra (violino principalmente), percussão orquestral e síntese analógica. 
Essa mistura do som acústico e fraturado dos pianos preparados e dos violinos tocados de forma a produzir não o som limpo do instrumento, mas um som de grito, de rachadura, corte, associado à base inquieta dos sintetizadores analógicos que vão mudando sua sonoridade ao passo que os circuitos elétricos vão sendo estimulados, leva a um resultado sonoro onde a imperfeição e a ruptura agridem o belo e perfeito, entrado em sintonia direta com a carga dramática que o filme busca levar à tela. 
O trecho de 1:30 apresentado é um piloto das possibilidades que essa mistura pode entregar. 
Fendas na psique e no som. 
Cicatrizes em Mi bemol.


O Cego e o Louco