OSSOS

O pior não foi nada do que ela disse
É o que a madrugada vem sussurar no ouvido 
Nosso ninho era farto, natural nada de alpiste
Mas tu jogou a camisa antes de soar o apito

Sei que me irrito meio fácil e que passo 
Boa parte do meu tempo pensando no que eu faço 
Caço problema além do nervo óptico 
Problema sempre houve só me tornei mais neurótico 

Pródigo, arrependido voltando pra casa
Lógico, que sem voce eu não aguentaria
Ódio, foi chegar e ver que lá tu não estavas
Ótimo! pois dessa vez voltei com outra guria

Disse que eu era um b.o bom, te ensinei o bê-a-bá, 
Te ensinei atirar, olha só que mira amor
Passamo no Miramar, joias para te agradar 
Levei para ver o mar, você disse que amou

Muito pra associar, extinto suicida 
Não pergunte se isso dá, muito cobre se soldou
Não gastava saliva, nem fumava sativa
Veio tarde saravá, a Deus pedi: Sara o vô!

Quando seu Zé se foi, deixou no peito um vazio
De um menino que não passava de um convencido
Não fazia 3 meses que tio Doido tinha ido
Já passaram-se anos e continua dolorido

Meio muído e as vezes me sinto miúdo 
Bairro moiado, quero folga no parque maeda
Quem compra briga sem ver outro lado da moeda
Tem sua capital tomada a roubo de foice e marreta

Marrento? sim de fato, coração vulnerável, Couraça antibalas, carniça eu te abalo 
Criança fui um dia, moleque é passado
O homem muito sabia, pensaram em passá-lo 

Voou igual pássaro a um rumo tão distante 
Mas logo o amasaram em questão de instantes
Um espécime raro, quiserem por na estante, Tamo fora da gaiola o cuidado é constante 


Quis tanto ter família por perto
Quem dera uma casa em campos verdes
Muito mais janelas e menos paredes
Devia ter escolhido o que é certo
Hoje corrijo mas também erro
Luto para não repetir nenhum deles
Com risco de cair muitas outras vezes
Hoje apanho mas não me entrego. (2x)

Letra: Marcel Alexandre.
Produção: Marcel Alexandre.
Arte: Marcel Alexandre.

Alcaide

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