A construção de Brasília era a síntese do projeto político de Juscelino Kubitschek para o Brasil: cidade planejada que pretendia representar o esforço de afirmação da nacionalidade e o desejo de integração do interior ao centro, do país ao mundo, da tradição à modernidade. A cidade, contudo, carrega os paradoxos do Brasil. Concluída a capital, os trabalhadores tiveram pouca opção: ou voltaram para seus estados natais, ou foram viver segregados em acampamentos semelhantes às favelas, na periferia da cidade. Esses acampamentos deram origem às “cidades-satélites” como as conhecemos hoje e só fizeram crescer: durante os dez primeiros anos que se seguiram à fundação, cerca de 100 mil migrantes tornaram-se favelados na nova capital. Brasília expulsou os pobres para a periferia, segregou funcionários públicos em unidades residenciais fundamentalmente idênticas – as “superquadras” –, de acordo com uma concepção hierárquica e segmentada da vida social.  No programa de hoje, quem chega para nos contar um pouco mais sobre essa história é o rapper GOG, com sua canção “Brasília, periferia” em versão ao vivo gravada em 2007.

Som Da Democracia - Brasília Periferia

Estou enfiado na lama 
É um bairro sujo 
Onde os urubus têm casas 
E eu não tenho asas 
Mas estou aqui em minha casa 
Onde os urubus têm asas 
Vou pintando segurando as paredes do mangue do meu quintal 
Manguetown 

Andando por entre os becos 
Andando em coletivos 
Ninguém foge ao cheiro sujo 
Da lama da Manguetown 
Andando por entre os becos 
Andando em coletivos 
Ninguém foge à vida suja dos dias da Manguetown 







Esta noite eu sairei 
Vou beber com meus amigos 
E com as asas que os urubus me deram ao dia 
Eu voarei por toda a periferia 
Vou sonhando com a mulher 
Que talvez eu possa encontrar 
E ela também vai andar 
Na lama do meu quintal 
Manguetown 

Andando por entre os becos (...)

Fui no mague catar lixo 
Pegar caranguejo, conversar com urubu

Som Da Democracia - Manguetown

'Alagados' propõem um olhar sobre a relação entre habitação e exclusão social, abordando o cotidiano de três favelas. A canção do Paralamas do Sucesso é escolhida deste episódio da série Cidades, do Som da Democracia.

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Som Da Democracia -  Alagados

O quarto episódio da Série Cidades, do Som da Democracia, traz a música de Lô Borges, 'Ruas da Cidade', que reflete acerca da topografia urbana e nomenclatura das ruas de Belo Horizonte.

Som da Democracia - Ruas Da Cidade

A série Cidades, quinto episódio do Som da Democracia, traz a música 'Saudosa Maloca', de Adoniran Barbosa, que faz referência as chamadas malocas, palavra utilizada para referir-se a moradores de habitações precárias.

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Som Da Democracia - Saudosa Maloca

O último Som da Democracia da série Cidades traz a música 'Daqui Não Saio', interpretada pelo conjunto Vocalistas Tropicais. A canção aborda a reforma urbana ocorrida no Rio de Janeiro, na metade do século XX, que teve como principal consequência a favelização da capital carioca.

Som Da Democracia - Daqui Não Saio

O primeiro episódio da série Democracia traz a canção 'Café com Leite', composta por Freire Júnior, que aborda a temática da política café com leite, característica da Primeira República.

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Som da Democracia -  Café com Leite

De maneira irônica, a marchinha 'Democracia', interpretada por Gilberto Alves e composta por Aldo Cabral e Medeiros Neto, faz uma análise do Estado Novo, governo ditatorial exercido por Getúlio Vargas, no período em que teve início a Segunda Guerra Mundial.

Som da Democracia - Democracia

Este episódio do Som da Democracia, o terceiro da série Democracia, traz a canção 'Linda', composta por Edson Gomes. Na música, o compositor aborda a democracia como um conceito que não saí do papel.

Som da Democracia - Linda

O último episódio da série Democracia traz a canção 'Democracia', composta por Tom Zé e Vicente Barreto, que rememora o período da redemocratização, trazendo as esperanças e os grandes desafios da época.
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Som da Democracia - Democracia, por Tom Zé

Decantando a República | ano 2005 | série 01 | Pátria

“Decantando a república: diálogos em prosa, verso e melodia” é um programa veiculado na rádio UFMG Educativa de segunda a sexta feira, às 10h e 15mins, e que tem como objetivo: promover um diálogo entre a canção popular, o pensamento político e a história do Brasil.

Desde a década de 80, houve um aumento do interesse dos pesquisadores na utilização da canção popular como fonte primária de estudos para interpretações e análises da história do Brasil. Encarada então como uma espécie de linguagem que abrange reconstruções históricas da sociedade brasileira em diferentes tempos, a canção popular dá origem a diversificados estudos que recuperam essa forma de linguagem e que direcionam seu uso à expressão e interpretação do passado.

O programa “Decantando a República”, neste contexto, amplia a diversificação de novos enfoques da história do Brasil trabalhando com a canção popular como material documental, perpassando por pontos como: o cotidiano urbano das grandes cidades, o modo de vida das pessoas comuns, os espaços simbólicos pertencentes ao universo cultural das sociedades e a imaginação coletiva em torno de conflitos e tensões sociais.

Com a coordenação de Bruno Viveiros, o Decantando a República nasce da linha de pesquisa de mesmo nome realizada dentro do Projeto República, coordenado por Heloísa Starling.

Decantando a República - Pátria - Nacionalismo - Aquarela Do Brasil

O Projeto República: núcleo de pesquisa, documentação e memória foi criado em 2001, está vinculado ao Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais e é coordenado pela professora Heloisa Maria Murgel Starling. O Projeto República tem como foco principal o período histórico republicano brasileiro, o percurso da história das idéias e dos conceitos no Brasil e o estudo da temática do republicanismo.

Decantando a República - Pátria - Nacionalismo - Aquarela Do Brasil

Projeto República UFMG

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