Hoje é aquele dia em que o céu deve estar na maior alegria.

Todo mundo se arrumando, perfumando a alma, levando um monte de saudade no abraço que vão entregar.

Deve ser aquele dia em que eles estão todos com coração explodindo, felizes de poder chegar mais perto da gente de novo. Cada um deles sabe que pode visitar outros dias, mas este dia é especial.

Afinal cada um deles vai voltar para ficar nem que seja por uns minutinhos, para sentir o seu cheirinho que ele conhece desde que você nasceu, vai voltar para ver o quanto você cresceu e avançou, e vai sorrir com a certeza de que toda a dedicação valeu muito a pena.

Deve ter uma espécie de ônibus em que eles embarcam, cantando, felizes, esperando rever a gente. A cada parada do ônibus, um deles desce na frente de uma casa, e vem uma lembrança boa. E a saudade estoura nos olhos.

Aí ele pede licença por chegar assim sem avisar, de mansinho, bem na hora do almoço.
Entra na casa e está todo mundo ali, cada um com seu prato e aquela cadeira agora vazia, mas ocupada com a presença guardada na lembrança.

Ele chega, dá um beijo na testa da esposa, olha pras suas crianças (porque, afinal, para ele, elas nunca cresceram), olha para cada uma delas e sente o olho marejar, mas é de satisfação, de alegria por estar ali, de saudade, mas daquela saudade boa.

Aí, ele vai até cada um deles, dá um abração daqueles apertados, sabe? Abraço demorado, que só eles sabem dar e do qual a gente fugia quando era adolescente, de vergonha do que os amigos iriam pensar.

E aí ele segura na mão da gente, com aquela mesma mão que ele te segurou quando você caiu quando andou de bicicleta pela primeira vez, quando você foi nadar e engoliu água sem querer, quando ele estava ali pertinho pra ver você dar os primeiros passos sem segurar a mão dele, mas que, se você caísse, as mãos apareceriam do nada pra te amparar.

Então, eles dão esse abraço de “está tudo bem”, “vai sarar, viu?”, “fique calmo, estou bem”, “enxugue essas lágrimas, a sua dor uma hora também vai passar e vai virar saudade”.

No fundo, o que todos eles querem neste dia é que a casa esteja em paz, alegre. Cheia de saudade sim, mas daquela saudade boa.

Aquela saudade de reencontro. De certeza de que a morte foi apenas uma viagem que eles tiveram que fazer antes da gente.

No fundo, no fundo, eles querem chegar e colocar a mão no coração de cada um dos seus pequenos e dizer: “estou feliz em vir aqui hoje”, “feliz por te ver”, “feliz por você ter se tornado essa pessoa fantástica”, “feliz por me ver em você, nos detalhes da sua personalidade, mostrando que eu ainda estou aí”.

E o que eles dirão?

Que nenhum adeus é para sempre. Que tudo continua do outro lado. Que o amor, que já era imenso, cresceu ainda mais, porque compreenderam que a vida é só uma estação na longa viagem pela eternidade. E que um dia você também vai pegar o trem de volta pra casa. 

Neste dia, ele estará lá na estação, cabelo penteado, vestindo aquela roupa que ele adorava, com aquele perfume que ele sempre usava, de braços abertos, coração radiante, só esperando pra dizer a frase que ele esperou tanto tempo pra falar:

- Ah, meu filho, você chegou! Que saudade que eu estava de você...

Que saudades, meu filho... - Minutos de Paz - com Vânia Carla

O tema deste podcast é “Filosofia” com o frater Mário Sérgio Sales, médico e filósofo. A filosofia está relacionada com os ensinamentos rosacruzes e, nesse contexto, frater Mário explica de que maneira e em que período e região o pensamento filosófico surge como forma de conhecimento.

Que saudades, meu filho... - Minutos de Paz - com Vânia Carla

Minutos de Paz - com Vania Carla

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