11. PREÇO DO AMANHECER
Vicente Barreto/Manu Maltez

Daqui desse sofá enxergo longe
mas de olhos fechados
(veja bem)
uma serra
uma casa
e um novo amor
Me acenam
dizendo - venha
antes que vc não mais tenha
lugar nessa nave beija flor

Poeira é o que trago nesses bolsos
tres hérnias me seguem 
pra onde eu vou
jurei não bulir mais com a viola
mas ouve esse som
da hora
escuta o tremor clamando
O sofá que se segure 
nesse andor

Daqui desse apartamento 
eu tiro o sol
do formol
noite vem
sono vai
pelo ralo

Vai que algo acontece
agora
mas agora ainda
demora

Em São paulo custa muito
amanhecer

Lá de trás do firmamento
algo acendeu
se mexeu
serei eu
ou será
mais além

Mas alguém
me assopra o sonho
mas assim é que nasce o dia
em Serrinha o galo já cantou

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria

PREÇO DO AMANHECER - Vicente Barreto

10. CHORORÔ
Vicente Barreto/Rômulo Fróes

Fique aqui
Deixe de
Chororô
Chororô
Não dá mais
Pra fugir
Já ficou
já ficou
Tá no ar
Dá pra ver
No seu olhar
Desde o começo
Desde o desejo
Daquele beijo
Que não me deu
Deixou passar
Não foi por medo
Foi só receio
De gostar
Não dá mais
Pra fugir
já gostou

Basta ver o jeito distraído de você andar
Trocando o pé direito pelo esquerdo pelo calcanhar
Sem sair do lugar

Parada na minha frente me pedindo para lhe deixar
É o mesmo que disesse me pedisse pra continuar
Sem sair do lugar

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria


CHORORÔ - Vicente Barreto

9. JARDIM JAPÃO
Vicente Barreto/Rodrigo Campos

Me espera na Estação
As quatro da manhã
Traz roupa pra vencer um mês 
em Campos do Jordão

Lhe ponho no Busão
E volto pra encerar
O chão vermelho 
do Boteco do Seu Avelar

Moleque vacilão
Não sabe nem matar
Tem que chorar?
Não pira o cabeção
Sai louco lá pra lá 
Vai descansar

Vai lá naná, nenê
E antes que eu lhe dê motivo pra rezar
Morreu Dininho Cruz
A boca é nossa, já

Tanto comédia nessa quizomba
Vou mandar pro Irajá queimar
Não quero nem saber
O bicho vai pegar
E Deus querendo ou não
Pus fogo no Jardim Japão

Vicente Barreto – Voz e Violão


JARDIM JAPÃO - Vicente Barreto

8. HERANÇA
Vicente Barreto/Rafa Barreto

Eu julguei o meu pai por ter a cor
e o meu avô talvez por bem querer
amarrei a cara e depois pensei
quando alguém me avisou
que a cor nada tem a ver com a dor
e que a questão já vem de muito além
esse alguém que fala como criador
me criou, por hora

Eu herdei o que meu pai deixou
antes, quem? O meu avô
Muito além, antes do meu avô
Outro alguém, meu bisavô
eu herdei o que meu pai deixou
antes, quem? O meu avô

Eu julguei o meu pai por ter a cor
e o meu avô talvez por bem querer
amarrei a cara e depois pensei
quando alguém me avisou
que a cor nada tem a ver com a dor
e que a questão já vem de muito além
esse alguém que fala como criador
me criou, por hora

Eu herdei o que meu pai deixou
antes, quem? O meu avô
Muito além, antes do meu avô
Outro alguém, meu bisavô
eu herdei o que meu pai deixou
antes, quem? O meu avô
Muito além, antes do meu avô
Outro alguém, meu bisavô

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria
Juçara Marçal – Voz


HERANÇA - Vicente Barreto

7. BATENDO SABÃO
Vicente Barreto/Rafa Barreto

Correr, correr, pagar conta
Zunir, zunir no portão
Fazer, fazer carantonha
Saiu, saiu combustão

No tempo que o tempo não para
A vida tropeça no amor
Sentada na espreita, quimera
Com a boca batendo sabão

Que foi, que foi, mas cadê o amor?
Se foi, se foi e rodopiou

Em cima da mesma pisada carrego 
no peito essa confu...
Que foi, que foi, mas cadê o amor?
Se foi, se foi e rodopiou

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria
Thiago França – Saxofone
Juçara Marçal – Voz


BATENDO SABÃO - Vicente Barreto

6. SABIÁS
Vicente Barreto/Kiko Dinucci

Veio descendo afoita a ladeira
Não via nada no seu caminhar
Mamãe tingiu de sangue a ribeira
Foi quando ela pariu o sabiá

E a criança se embrenhou na água
Saiu dançando meio a imersão
Entre mulheres um sussurro ameno
Entre os homens a contemplação
Se levantou do rio abrindo as asas
Jorrou um canto espetacular

E o menino quando abria a boca
Dava calor nas moça do lugar
Vinha um fogo de dentro do ventre
E a pele começava a formigar

A ave despertou o ódio alheio
Um homem lhe flechou o coração
E ele tingiu de sangue a ribeira
Todas as fêmeas na menstruação
Dançaram, loucas, nuas sobre as águas
Foi quando pariram sabiás

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria
Thiago França – Saxofone e Flauta

SABIÁS - Vicente Barreto

Vicente Barreto

Vicente Barreto – Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Thiago França - Saxofone

BORÓ - Vicente Barreto

4. TATARAVÔ
Vicente Barreto/Rômulo Fróes

Refazer o meu caminho até renascer
Encontrar um outro jeito de caminhar
Sem deixar minha saudade atrapalhar
Sem perder o que guardei na minha canção

Pedra, chuva, sonho, medo, fogo, ilusão
Bicho, homem, rosa, rio, estrela do mar
Tudo o que couber na minha imaginação
Tudo o que esta vida for capaz de me dar
Eu vou carregar, eu vou carregar
Desde a vida do meu filho 
até a do meu tatataravô
Desde a vida do meu filho 
até a do meu tatataravô

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria


TATARAVÔ

3. É TIPO DE CONVERSA
Vicente Barreto/Kiko Dinucci

Solto a fera que há em mim
Noite aberta pra correr
Mas não posso esquecer
O que me fez tão bicho assim

Vejo o fecho do portão
Rompo a tranca sem pensar
Mas não posso arrebentar
O nó do meu coração

É tipo de conversa que me faz urrar
É tipo de conversa que me faz seguir
É tipo de conversa que me faz correr
Sem querer olhar pra trás

É tipo de conversa que me faz grunhir
É tipo de conversa que me faz querer
É tipo de conversa que faz atacar
A guerra que devora a minha paz

Solto o bicho pra rasgar
Entre dentes o pavor
A vontade de gritar
O que a vida não deixou

Esfolado sigo só
Já não sinto nem a dor
Todos querem me abater
Mas não vou me entregar

Sigo a trilha sem voltar
Muito tarde pra temer
E só eu vou entender
Essa fera que há em mim

Entre a relva observar
Com os olhos do condor
E ninguém pode supor
Porque estou tão bravo assim

É tipo de conversa que me faz sangrar
É tipo de conversa que me faz gemer
É tipo de conversa que faz reclamar
O que o mundo não me deu

É tipo de conversa que me faz chorar
É tipo de conversa que me faz sentir
É tipo de conversa que me faz cobrar
O que a vida prometeu

Solto o bicho pra rasgar
Entre dentes o terror
A vontade de gritar
O que a vida não deixou

Esfolado sigo só
Já não sinto nem a dor
Todos querem me abater
Mas não vou me entregar

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria
Thiago França – Saxofone e Flauta

É TIPO DE CONVERSA - Vicente Barreto

2. KARINA
Vicente Barreto/Rodrigo Campos

Karina, quanto tem?
Tem cadarço, tem?
Cachalote, tem?
Pro mês vai dar
Ou não dá?

Karina, tem amor?
Karina, por favor
Não traz poeira
Pro nosso jantar
Só lembra

Karina, meu neném
Não tem maldade, tem?
E nem saudade do outro verão

Karina, tudo bem
Quando eu morrer vou
Talvez compreender o que passou
Na morte a gente apaga, ou não, a dor?

Vicente Barreto – Voz e Violão
Rodrigo Campos – Guitarra
Marcelo Cabral – Baixo
Sergio Machado – Bateria
Thiago França – Saxofone

KARINA - Vicente Barreto

Vicente Barreto é compositor e instrumentista baiano, com mais de dez discos lançados. Parceiro de grandes nomes da Música Popular Brasileira, entre eles, Vinícius de Morais, Gonzaguinha, Hermínio Bello de Carvalho, Elton Medeiros, Tom Zé, Paulo César Pinheiro, Alceu Valença e, mais recentemente, Paulinho Pedra Azul e Chico César. Consagrado no meio da música pelo seu disco `Mão Direita`, Vicente é compositor de canções como Tropicana, As Voltas que o Mundo Dá e já foi interpretado por cantoras como Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Juçara Marçal e Mônica Salmaso. 


vicentebarreto

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