1.  Noise

uma vida automatizada
sem sentido
vivendo por viver
sempre correndo
sempre atrasado
apenas seguindo a rotina
esperando a morte chegar
escravizado e apático
 
desde que nasceu
observa catatônico
a vida passar bem na sua frente
até que não respire mais
que os olhos se fechem
e o coração já não funcione mais
 
da mesma forma que viveu
ele desapareceu
sumiu desse mundo
como apenas mais um
trabalhador assalariado

2. Autômato

Buscando autonomia
para minha mente
para nossos corpos
para nossas decisões
para nos libertar de sentenças impostas
que não buscamos 
que não queremos 
 
construções sociais
pré estabelecidas
preconcebidas
predominantes
preconceituosas
pretenciosas
 
coisas que não queremos
coisas que não buscamos
coisas que não pedimos
coisas que não queremos

3. Quem te limita?

Humanos ilegais
Proibidos de viver
E ter esperanças
Cerceados por fronteiras
Dividiram as terras
Criaram barreiras invisíveis
Protegidas com o sacrifício humano

protegidos com sacrifício humano
são primatas com linhas imaginárias

Sendo trancafiados em troca de dinheiro
Obrigados a agonizar Encarcerados em porões de navios
Transportados em caminhões
Morrendo por querer sobreviver
Morrendo por querer sobreviver

Protegidos com sacrifício humano
São primatas com linhas imaginárias

4. Nenhum ser humano é ilegal

se arrastando
vivendo como um pária
se arrastando
vivendo como um pária
verme inútil
sem motivo para continuar
se entorpecendo
tentando escapar
desse mundo doentio
 
escravo sem grilhões
não consegue fugir
essa vida te consome
dia após dia
definhado lentamente
não existe futuro

escravo sem grilhões
não consegue fugir
essa vida te consome
dia após dia
definhado lentamente
você não vai se libertar

5. Sem limite

Não ouvir respostas
Aos seus gritos de desespero
Só havia o eco
Que retorna distorcido 
Não ouvir respostas
Aos seus gritos de desespero
Olho para baixo
Mas não vejo o chão

Contemple o vazio
Encare o abismo

O único caminho
É a queda sem fim
Insistente agonia
De permanecer numa infindável queda

Contemple o vazio
Encare o abismo

6. Abismø

O desespero prevaleceu
Te abateu feito um animal
Deitado, sangrando,
De olhos abertos
Permanece inerte
Aguardando a morte
Sonhos destruídos

Escravo do capitalismo
Te resta produzir
Comprar sem precisar
Trabalhar até a morrer

Passo a passo pro abismo
Ganância e destruição

Perdido em um universo onírico
De tristeza e decadência

7. Imersão

Eu sinto o peso
se apoiando no meu ombro
vozes na minha mente
me atordoando
 
de um mundo corrompido
que me arrasta pra baixo
tenta me estrangular
tenta me matar

8. Tormento

9. Abismø (feat. Alec, Lisa e Brinkinho)

Vozes do Abismo, banda de crust core formada em 2016, no Rio de Janeiro.

Vozes do Abismo Crustcore

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