Transcending, RHCP, ensaio em junho de 2015.

Transcending, RHCP, Psycho-Funk Fellas

Canção composta para a Cia. Maria e a Barraca ao longo do processo  "Projeto arame: Canaã", peça dedicada à discussão sobre o episódio de embate entre ocupantes de terra e o poder público na Encruzilhada Natalino (RS), fundante na história do MST. 

Antes da chegada dos ocupantes, num contexto de impasse comercial no negócio de café, era cantada por duas atrizes (Juliana Valente e Beatriz Bittencourt) que interpretavam as filhas da família proprietária, na cena de apresentação da casa de fazenda. 

Composta em novembro de 2014.

XOTE DA DERIVA (duo)

Vento que espalha
resto das flores de abril
longe da costa
quem já partiu
(Longe da costa o horizonte
resto das flores de abril)

Vejo a corrente que semeia 
na noite vulto, sussurro, pesar.
Quilha cortando o mar sereno
vagueia, acena, se esfuma no ar.

Vento que espalha
resto das flores de abril
longe da costa
quem já partiu
(Longe da costa o horizonte
resto das flores de abril
sono que devora o tempo
e o anelo de quem já partiu)

Vejo a corrente que semeia 
na noite vulto, sussurro, pesar.
Quilha cortando o mar sereno
vagueia, acena, se esfuma no ar.

Xote da deriva, p/ coro, duas vozes femininas e violão

Canção que precede o epílogo da peça "Marie", inspirada no poema "A infanticida Marie Farrar" de Bertolt Brecht. Cantada pela personagem Jenny (Tutti Pinheiro) e o coro (Sara Mello Neiva, Julia Maykot, José Virgínio, Juliana Valente).

Letra de Paulo Bio Toledo.


Quando tudo parece normal, natural
O caos rebenta do caos
Desordem inflama desordem
Árida dor que se expande
Assalta ressalta e o caos
Rebenta do caos. 

Caos, p/ voz feminina, coro e violão.

Dinétah

Recriação de um poema do jovem Brecht em "Hauspostille". 



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LIED DER VERDEBTEN UNSCHULD BEIM WÄSCHEFALTEN

I

Was meine Mutter mir sagte
Das kann wohl wahr nicht sein.
Sie sagte: wenn du einmal befleckt bist
Wirst du niemals mehr rein.

Das gilt nicht für das Linnen
Das gilt auch nicht für mich.
Den Fluss lass drüber rinnen
und schnell ist's säuberlich.


II

Mit elfen war ich sündig
Wie ein Dreihellerweib.
Und wirkllich erst mit vierzehn
Kasteit ich meinen Leib.

Das Linnen war schon gräulich
Ich hab's in Fluss getaucht.
Im Korbe liegt's jungfräulich
Wie niemals angehaut.


III

Bevor ich noch einen kannte
War ich gefallen schon.
Ich stank zum Himmel, wahrlich ein
Scharlachen Babylon.

Das Linnen in dem Flusse
Geschwenkt in sanftem Kreis
Fühlet im Wellenkusse:
Jeztz werd ich sachte weiss.


IV

Denn als mich mein erster umarmte
Und ich umarmte ihn
Da fühlt ich aus Schoss und Busen
Die schlechten Triebe fliehn.

So geht es mit dem Linnen
So ging es auch mit mir.
Die schnellen Wasser rinnen
Und aller Schmutz ruft: Hier!


V

Und als die andern kamen
Ein trübes Jahr anfing.
Sie gaben mir schlechte Namen
Da wurd ich ein schlechtes Ding.

Mit Sparen und mit Fasten
Erholt sich keine Frau.
Liegt Linnen lang im Kasten
Wird's auch im Kasten grau.


VI

Und wieder kam ein andrer
in einen andren Jahr.
Ich sah, als alles anders war
Dass ich eine andre war.

Tunk's in den Fluss und schwenk es!
's gibt Sonne, Wind und Chlor!
Gebrauch es und verschenk es:
's wird frisch als wie zuvor!


VII

Ich weiss noch viel kann kommen
Bis nichts mehr kommt am End.
Nur wenn es nie getragen war.
Dann war das Linnen verschwend't.

Und ist es brüchig geworden
Dann wäscht's kein Fluss mehr rein.
Er spült's in Fetzen forten.
So wird es einmal sein.


***

CANÇÃO DA IMACULADA PERDIDA DOBRANDO LENÇÓIS

I

O que mamãe me dizia
bem pode não ser verdade.
"Aquilo que está maculado,
menina, perdeu a dignidade"

Isso não vale pra roupa,
Não vale pra mim também.
A água do rio tira a nódoa.
Lavou, está novo outra vez.

II

Aos onze eu já era mais suja
que uma puta de dez reais.
Aos treze, se via em meu corpo
a marca das bacanais.

A roupa, tão logo molhada,
o leito do rio já procura.
No cesto tão virgem estava,
quanto vestida era pura.

III

Bem antes daquele primeiro,
estava perdida minh'alma.
O jorro de sangue que veio
fedia e atraía a manada.

A roupa no rio balança,
agita-se e treme na água;
com beijos, o rio me conta
segredos guardados em casa.

IV

Caí de paixão nos braços
daquele que tanto me deu.
Sentia no ventre e no peito
o tranco do filho de Deus.

Virei a bacia na água,
com gosto saía da linha.
À roupa que o rio enxágua,
a lama já grita: "és minha"!

V

No ano seguinte, bem lembro,
sabia o que me esperava...
Paguei o mergulho tão cedo!
pecado esfregado na cara...

Me diga qual é a mulher
que vive de louça e rosário?
Gaveta é lugar de colher;
de padre, o confessionário.

VI

Daí em diante, muitos
rapazes e anos passaram.
Trocando de cama contudo
mudava por dentro bem rápido.

Encharque e balance essa roupa!
E estenda no sol pra secar!
Use e abuse da moça,
que ela não vai se dobrar!

VII

Rapazes e anos virão
até que não venha nenhum.
Branquinha, no cabidão,
só a roupa sem uso reluz.

Quando ela, suja e rasgada,
a água não mais alvejar,
então, de alma lavada,
o rio pode me carregar.

Canção da imaculada perdida dobrando lençóis

Composta em setembro de 2013. 

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UNISSEXY BLUES

é ana, lhana ana,
a que passa voa e plana.
ai ana, lhana ana...

quem passa ali por cima
no céu de margarina?
quem é essa que mergulha
da coxia? é lhana ana!
quem liga o céu à Terra,
traz a lua e pronta entrega,
pés velozes de gazela?
é ela! é lhana ana!

[refrão]

quem cabe no vestido?
sabe as marcas de grã-fino?
quem faz greve de fome
e descansa só um pouquinho?
quem diz que hoje não pode
dobra o turno e pede mais?
de tailleur arromba a porta:
é ela! lhana ana!

[refrão]

o pintor já se matou
o doutor não volta mais
domador caiu de quatro
- respeitável besta-fera! -
onde somem margaridas?
na garganta da bandida.
não há sombra nem mistério
- quem é ela? é lhana ana!

[refrão]

o pintor já se matou
o doutor não volta mais
domador caiu de quatro,
respeitável besta-fera!
quem cabe no vestido?
sabe as marcas de grã-fino?
quem faz greve de fome?
e descansa só um pouquinho?

Unissexy Blues

Marcha composta a partir de um poema de "Os dias da comuna" de Brecht, no contexto de uma cena aberta, para ser apresentada nas escolas ocupadas em São Paulo. 04/12/2015.


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MARCHA DAS CONSIDERAÇÕES

Considerando que o governo nos promete sempre
e está longe de inspirar confiança, 
nós decidimos tomar o poder. 
Considerando que  não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam 
com fuzis e com canhões. 
Nós decidimos, de agora em diante:
temeremos mais a miséria que a morte. 

Marcha das considerações

Parte de  uma peça em processo a respeito da crise (integrantes do grupo: Paulo Bio Toledo, Sara Mello Neiva, Paula Bellaguarda, José Virgínio Marques, Alpha Simonetti, Julia Maykot Pucci). Letra de José Virgínio Marques. 

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BALADA DE PAPEL-MOEDA

um coração
feito de papel-
moeda cambiável 
em qualquer
varejo –
humano flexível
produto inacabado 
do mercado 
inabalável abalado:
imprevisível lastro
do saldo negativo
do trabalho

uma pessoa
feita de papel-
moeda cambiável 
em qualquer
mercado –
humano flexível
produto inabalável 
do concreto
capitalismo abstrato:
imprevisível saldo
do lastro negativo
do trabalho


Balada de papel moeda

Três devaneios mambembes

Gaivota eletrônica

Reator

Caixinha de música estelar

Trabalhos atuais:

Guitarrista na Orquestra Popular Experimental do Sesc Vila Mariana. 
Guitarrista na banda de rock progressivo Skinner Project
Parcerias em canções com Renan Nuernberger


Trabalhou com:

Catador de Canções
Psycho-Funk Fellas
Projeto Ska
Renato Maffei
Mnemonic Creatures
Cia. Marie de Teatro
(https://ciamarieteatro.wordpress.com/2012/02/02/ficha-tecnica/)
Crespo Mc (ex-Casa de cabocla)
Dj QAP (SP Funk)
Cia Teatro de ruínas
Reverendo Lovejoy

Canal no You Tube 
https://www.youtube.com/user/vmp132/videos

ViM@P@

Popular tracks