O primeiro show fora da Terra. Num planeta distante. Num futuro distante com questões nem tão distantes assim de nós.
Era preciso escolher a melhor fonte para um momento tão importante assim. Uma banda composta apenas por músicos negros foi escolhida para este show. Bom, pensando nos mecanismos vigentes, talvez “escolha” não fosse a palavra certa. Notória Ausência será um produto da Terra em uma feira interplanetária. Exportação entre planetas. Um cartão de visitas do que é feito aqui, artística e politicamente falando.
A viagem foi um sucesso. A banda então chegou. O cenário era cinza, frio e duro. Um planeta habitado por máquinas. Os sinais por lá emitidos geravam absurdas interferências no corpo humano, no corpo negro ali presente. Um dos efeitos colaterais vistos foi a repentina perda de memória dos integrantes. Apagão. Sangue.
Mas o lema “o show não pode parar” também viajou junto com eles. A banda sobe então ao palco, atingida por constantes perdas de memória e interferências digitais vindas daquele ambiente desconhecido. Futuro, passado e presente parecem se apresentar acumulados.
As máquinas apreciam tudo e aprendem rápido. Consomem muito sangue para isso. Matéria rara e valiosa para a decodificação. Elas possuem uma estrutura rígida especialmente preparada para receber os corpos estranhos vindos do planeta Terra. A luz se apaga. O ambiente ali é instável e parece rejeitar os corpos estranhos. Novo apagão.
A morte também é produto. 00objectnull foi quem sobrou. Máquinas o batizaram desta forma quando o acharam desacordado com uma guitarra acoplada no corpo. O único remanescente da banda vinda da Terra permanece isolado em uma sala de controle. Ali, descobre estar fazendo parte do que parece ser uma versão beta de um projeto maior de dominação interplanetária. O sangue negro é valioso para a indústria. Um corpo apenas seria capaz de sustentar sozinho todo o planeta. Com essa fusão, 00objectnull pode se tornar a máquina mais poderosa.
Vivendo nesse lugar desconhecido, busca então fazer o caminho de volta, se reencontrar com sua ancestralidade como forma de recuperar suas memórias e mantê-las vivas. De vencer as interferências digitais, ter uma identidade em liberdade. As lembranças do show podem ajudar a salvar quem ele é. Na esperança de não virar mais um no cenário cinza, frio e duro.

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Ficha Técnica:
Dessa Ferreira: Alfaia, conga, djembe, pandeiro, xequerê e vozes.
Paulo Nascimento: Guitarras e theremin virtual.
Rodrigo Massia: Baterias.
Wagner Menezes: Pesquisa, concepção, composição, produção, arranjos, guitarras, pedais, sintetizadores, programações, trilhas, voz e textos. 
Felipe Magrinelli: Captação, mixagem e masterização, com exceção de “Futuro no Passado” com mixagem e masterização por Wagner Menezes.
Arte de capa: Márcio Button
Gravado no Estúdio Soma em Porto Alegre nos dias 08, 11 e 28 de Outubro de 2019.

Espaço de Ausências

Liberdade: Um Sonho Antigo

Respiro Ou Abdução Negra

Identidade: A Implosão Do Funkycyborguitar

WagnerM

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