Você coloca para rodar “Virado”, do Zignal, e o que mais chama a atenção é quão agradavelmente familiar é a música. É rock, é pesado, por vezes tangencia o reggae e ska, mas tudo é harmonizado melodicamente. Aí você conversa com os músicos e percebe que da espontaneidade nasce a receita musical.

Percebe também que é tudo questão de bagagem. Apesar da carreira ainda no início – o grupo nasceu de fato em 2010 -, acumulam histórias e experiências de décadas.

Nasceram em Brasília, quando o vocalista Tom foi de Minas Gerais para a capital federal para estudar Relações Internacionais. Lá conheceu o baixista Gringo, que pretendia seguir carreira como engenheiro. Mas, desculpem o trocadilho, a música falou mais alto e logo estavam tocando juntos e acumulando públicos nas três dezenas de milhares de pessoas.

Desceram para São Paulo e aqui incorporaram o baterista Gudino e, por meio do Twitter, tiveram a indicação de Roman Laurito, baixista do Tihuana, de um compatriota argentino para a guitarra, Pablo. Estava formado o quarteto.

Sem pressa, poliram por um ano a pré-produção de “Virado”, e o resultado escancara o esmero.

Da introdução “Boa Viagem” dão o cartão de visitas em “Hoje É Dia”, um hard rock vigoroso carregado no wah wah de guitarra. Ainda com o BPM lá em cima, “Só Um Momento” mostra quebradas no meio de letra existencial, uma característica da banda que se preocupa tanto com o legado que planta uma árvore por cidade em que se apresentam.

“Reggae do Horto”, segundo single, é um...reggae. Mas não na malemolência escaldante jamaicana, e sim quase californiano, num slide à Chili Peppers.

Outra vinheta – “Prelúdio da Morte” – separa o reggae do rock de “Pra Lá”, que engana no dedilhado inicial e explode no refrão. Quando você pensa que sacou a cadência do grupo vem uma linha de baixo distorcida no talo à Queens of the Stone Age na quase alucinógena “Morto-Vivo”.

“Virado” tem a primeira balada em “Todo Mundo Chora”, se bem que essa disfarça e ganha corpo roqueiro no correr de seus quatro minutos, enquanto “Sueño Hecho Realidad” é igualmente balada na gênese e power ballad no corpo.

“Ska do Malandro” dá outra guinada, para o ska, claro, que alterna guitarra limpa e distorcida na cadência da música, e as seis cordas são o acelerador de “Mal Intencionado”, que vem a seguir.

Dá tempo para mais uma power balada, em “Do Seu Jeito”, e o disco encerra sabiamente com “Barata Voadora”, canção em que entregam todos os elementos citados acima. Todos agradavelmente familiares. Como as bandas com assinatura própria o fazem.

Zignal - Mal Intencionado

Zignal - Do Seu Jeito

Zignal - Barata Voadora

Zignal - Morto - Vivo

Zignal

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