Dingo Bells - Maravilhas da Vida Moderna (2015)


Ficha Técnica:

Dingo Bells
Rodrigo Fischmann: Voz, Bateria e Percussões 
Diogo Brochmann: Voz, Guitarra e Teclas 
Felipe Kautz: Voz e Baixo

Produzido por Marcelo Fruet
Co-Produzido por Dingo Bells
Arranjos de sopros por Fabricio Gambogi
Gravação: Marcelo Fruet e Átila Viana
Mixagem: Marcelo Fruet
Assistente de mixagem: Átila Viana
Masterização: Marcos Abreu

Concepção e Direção de Arte: 
Rodrigo Marroni, Leo Lage, Lipe Albuquerque e Dingo Bells 
Fotografia: Rodrigo Marroni 
Ilustração: Lipe Albuquerque 
Tipografia: Leo Lage 
Escultura Capa: Rodrigo Marroni

Participações Especiais:
Carina Levitan: percussões e ruídos na faixa 5 
Fabricio Gambogi: guitarra e violão nas faixas 1 e 7 
Felipe Zancanaro: guitarra na faixa 6 e correntes na faixa 9
Jaime Freiberger: trompete nas faixas 3, 6 e 11 
Julio Rizzo: trombone nas faixas 3, 6, 7 e 11 
Marcelo Fruet: guitarras e vozes adicionais. 
Paulo Inda: violão na faixa 8
Pedro Dom: clarinete na faixa 11
Ricardo Fischmann: backing vocal na faixa 1
Rodrigo Siervo: saxofones nas faixas 3, 6 e 11 
Tomas Oliveira: piano na faixa 11
Vicente Guedes: percussões na faixa 9


Todas as faixas são de autoria de Dingo Bells. 
Faixas 3, 5 e 8 em co-autoria com Marcelo Fruet.

"Maravilhas da Vida Moderna" foi realizado entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015. Gravado em um sítio, em Viamão/RS, e no Estúdio 12 Experiênciasonora, em Porto Alegre/RS.

Maravilhas da Vida Moderna

MARIA CERTEZA
Maria nasceu com a certeza
De que o seu sangue e a sua beleza 
A levariam um dia pro altar

E assim cresceu, esperando aquele dia 
Em que casada com a alegria
De um amor somente seu
Apaixonada, ela dizia
Foi destino, não fui eu

E juntos contavam estrelas 
Passavam os dias, dançavam na mesa 
E preparavam um lindo jantar
Mas nem tudo era jantar
São pedaços pra juntar

Voou a notícia no vento
A data e a hora do seu casamento
E todos riram com brilho no olhar

Aconteceu, e não foi culpa de Maria 
Que foi deixada à deriva
Num altar somente seu 
Atormentada, ela dizia
O destino me esqueceu

Maria viveu com a certeza
De que o seu sangue e a sua beleza
A levariam um dia pro altar
E Maria, devagar, foi deixada em seu lugar

Maria Certeza

DINOSSAUROS
Hoje eu me sinto
Como decerto se sentiram os dinossauros 
Quando de longe lá no alto avistaram 
Iluminado no espaço sideral

Vinha de cima
Sobrevoando pelas ruas e telhados 
E parecia dar aquilo que esperavam 
Bem no início da história ocidental

É, talvez
A sua imaginação
Esteja tão limitada por problemas reais

Hoje eu me sinto
Como decerto se sentiram os astronautas 
Quando souberam que de frente para a lua 
Não voltariam pro Cabo Canaveral

Sobrevoavam
Observando os telhados lá de cima
E prometiam para todos que esperavam 
Alguma foto da notícia no jornal

Hoje eu extinto,
Já nem lembro como era no começo
Quando sabia tudo o que me esperava
E acreditava ser alguém especial

E parecia que aquela vida era mais uma viagem 
Se algum momento fomos todos dinossauros 
Hoje restamos só poeira espacial

Dinossauros

FUGIU DO DIA
Quem tanto fugiu do dia
E deu de cara com aquela noite 
Disse que ao final da Estrada 
Veio o sol da madrugada e foi-se

Percebeu que então sofria
Desde o dia em que cruzou a ponte 
Descobriu que a alegria
Não sorri pra quem dela se esconde

Levantou silencioso pra não acordar o seu lamento
Foi então que a luz do dia libertou-se em seu pensamento Percorreu o fim da estrada e descobriu que não havia nada 
Mas sorrindo percebeu que a alegria era a própria estrada

Não olhou pra trás

Fugiu do Dia

MISTÉRIO DOS 30
Não espero acabar tão sério
Tudo certo, sem nenhum mistério, ainda
Tempo e tédio ocupando um prédio de vidro

Maravilhas da vida moderna
Quando o homem saiu da caverna, aos trinta
Polegadas, gosto de remédio na língua

Não tenha medo
Largue o emprego
Vivendo à vista
Pagando em prestação

Não espero acabar tão sério


Mistério dos 30

EU VIM PASSEAR
Sem documento, visto ou mapa astral
Chegava ao mundo uma pessoa normal
Nasci assim, pobre de mim

Sentindo o gosto ruim da vida real
Eu me limito à saudação trivial
Muito prazer em conhecer, tchau

Tanta gente buzinando esqueceu de andar
Veio ao mundo por engano, eu vim passear

Disseram que a vida nesse lugar
Depende da temperatura do ar
Televisão, teto solar para ver
Cerveja e cama para sobreviver

Não me preocupa a quantidade de sal
Um dia salva e no outro dia faz mal
Que gosto tem o que faz bem?

Que gosto tem é o que me importa

Eu Vim Passear

dingobells