Alguns dos trabalhos gravados, mixados, masterizados e/ou produzidos no estúdio


A música, desde que minha memória é capaz de resgatar, sempre teve o poder de me cativar por inteiro. Em minha infância, ela era a principal responsável por me provocar, permitir e possibilitar conceber magia junto à "crua" realidade. Tanto que — ainda sob a utilidade do meu frágil inventário de lembranças — a arte dos sons, ressoada diariamente em toda a antiga casa dos meus pais, calcada sob as mais belas harmonias melódicas não me parecia ser algo extraído do humano comum. Quando criança, músicos e musicistas, em meu livre conceitual, praticavam feitiçaria ao juntar acordes e formar harmonias no caldeirão de seus instrumentos. E ouvi-los, bem como assisti-los tocar, só me fazia querer uma coisa: ser como eles – mesmo que isso significasse me tornar feiticeiro, uma irreparável derrota para meus progenitores católicos-apostólicos-romanos.

Ao aceitar a condição da teimosia crônica, ou para os ainda interessados em fábulas: “perseguir o sonho de um jovem garoto”, me habilitei e conquistei certa propriedade no manejo musical. Mantenho-me constantemente estudioso e avidamente curioso no que cerne o vasto mundo da música, mas, principalmente, dedicado a produzir e compor – ou, pelo menos, comprometido a tentar.

Movido pela já enaltecida arte dos sons, a infantil feitiçaria de outrora, Solar Hypnosis dá nome a uma frutífera substância daquela minha forte e já conhecida teimosia: um projeto que anseia fomentar uma preciosa dialógica entre sentimentos e emoções através de uma linguagem de música ambiental-instrumental (landscape sounds); bastante comum a trilhas sonoras, além de se utilizar de recursos imagéticos no devido encaminhamento da mensagem. No embrião, arquitetada para ser uma banda, um trio baseado no post-rock, atualmente tem sido mais um coletivo semiaberto para criação, desenvolvimento e expressão livre em nobre comunhão artística entre sons e imagens. Contudo, só não é de todo aberto por seu recente firmamento: a contribuição genuinamente amigável entre mim, o produtor e compositor das trilhas, e meus amigos de infância, os designers talentosíssimos Lucas Oliveira e Vec Martins — além de Alexis Lopes. No entanto, tenho sim a pretensão, bem como a esperança, de convidar mais artistas em breve. De início, desejo testar com segurança – aquele lance de aprender a andar de bicicleta com rodinhas.

Focado na realização de uma leitura sensível de nossa natureza emocional, na incessante tentativa de musicar e desenhar suas complexidades, o destemido projeto cria laços estreitos com a imaginação, a psique, a alma. Da relação harmônica entre notas à harmonização proposital entre cores, Solar Hypnosis quer traduzir o que, muitas vezes, não é passível de fácil tradução. No final das contas, ele se presta a ser um periscópio no oceano do interior humano que capta e manda sinais audiovisuais.

Com estes lançamentos oficiais aqui em meu perfil pessoal no SoundCloud , o coletivo galga – finalmente – seus primeiros passos rumo à edificação concreta de seus ideais, aqueles por mim vislumbrados quando menino. E por fim, mas não menos importante, revelo as principais particularidades por trás da concepção do nome que o projeto carrega: Solar Hypnosis, “Hipnose Solar”, me veio através de um breve episódio inspirado, onde enxerguei o sol como um imenso relógio hipnótico que rege todo um sistema de planetas a sua volta. Sua presença nunca cessa, enquanto domina e lidera um conjunto planetário inteiro. Porém, em atenção ao planeta Terra, ele representa um poderoso relógio que tanto gera vida quanto morte – estaria essa hipnose interessada apenas em nos engolir? (Entropia?) Eu não sei, mas gostei do nome.

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