NOTA INTRODUTÓRIA
A experiência em acrílico sobre papel apresentada parte da
máxima a rotina, os dissabores da vida e um profundo ressentimento para com o
tempo que passa sem dar contas de que passou.
O frenesim da vida citadina que nos incita a viver num estado de sonambulismo,
seguindo no sentido da multidão num lento arrastar de gente solitária entregue
ao seu cotidiano.
A imagem de que parti para a experiência visual que fiz é a do costumeiro ritual
de quem apanha o metro. A poluição sonora, seguida de um trocar ritmado das
pessoas das carruagens para a plataforma e vice-versa, O funesto assobio, o
barulho das portas, o recomeço do motor da máquina e a confusão de cores e
formas aquando do arranque do comboio, Um aglomerado pessoas a mover-se a
grande velocidade. Todas entregues ao isolamento dos seus hábitos diários que
Vivem a vida não tomando muitas vezes consciência do que as rodeia.
Esta imagem é explorada através da repetição de diferentes manchas e traços
em direção horizontal que dão a ideia de movimento e da já referida mistura de
formas fruto do arranque do comboio. A predominância de amarelo e vermelho
traduz a quantidade de poluição visual e de luz com que somos bombardeados
diariamente.


Esta obra para vibrafone, assim como o quadro no qual se inspira, pretende sobrepor diferentes tipos de cores e timbres. 
Com essa finalidade é pedido ao intérprete que alterne entre diferentes formas de produzir som no vibrafone, havendo uma constante mudança de timbre, de personalidade e de rotina, resultando numa obra com diferentes caracteres que dialogam entre si!

Tempo que passa sem dar contas que passou...

Hugo Xavier Almeida