o teu surriso aberto, branquin-juá
aconteceu, do meu corpo imantar

não deu pra ser discreto ou disfarçar
se sucedeu deu me apaxônar

surriso lua nova é de bom grado pra mim
os lençol da mia cama é um bom mato, capim
eu te convido prum terreiro pra apontar estrela
e na clareira, baqueada, prosear besteira!
as ribança que convida presse fim de tarde
eu vou fazer uma firula pra pular no ri!

vem serea, se rir no rasin
os peixinho rodopia no teu tornozelo,
nessas água não tem mal nenhum!
quem me disse, num cochicho, foi mamãe Oxum
foi mamãe Oxum, foi mamãe Oxum,
quem me disse, num cochicho, foi mamãe Oxum
foi mamãe Oxum, foi mamãe Oxum
mamãe Oxum me cochichou que não tem mal nenhum
que não tem mal nenhum, que não tem mal nenhum
nessas água não tem mal, disse mamãe Oxum.

mas se prum acaso meus ouvido me enganaro
e se vier, meu bem, deslizano u'a cobra n'água
se mesmo teu surriso não alcançar enfeitiçá-la,
eu viro guerreiro, feito bicho brabo
me espicho, me embolo, luto co'a danada,
esgano a serpente, num instante, ligeiro
sacud'ela na mata!

mas se nessa luta eu levar uma mordida
e for dar no hospital, inchado, chei de ferida
num vai ter remédio brabo melhor do que "tu na vida"
pra afagar mia crespeira no leito suado
surriso de lua dado de bom grado
e um pensamento pra longe dali, 
vem comigo de novo dá um pulo no ri!
vem comigo de novo dá um pulo no ri!

surriso lua nova

auri - 3 am (Prod. Rastaje x sxber)

há quanto tempo nao te via de perto
nem pela manhã
nem fazia um gracejo, na ânsia
no afã de um sorriso
teu enfeito bonito
a gengiva marrom

saudade perdedêra
tantas filas e estêras
pra poder te abraçar

no instante dos encontros que explanam tão bem o amor
perdoar as voadas, rir do dissabor, bandoleiro
faz deitá-lo na grama e faz cama do chão

saudade perdedêra
só tem uma manêra
o caminho é de mar

perdedera

a lua chorou quando quis ser cheia
mas se desgostou quando ninguém foi vê-la.
tentou foi brechar um espacin no véu
do cinza-mundéu das nuve em milhar...
sai do mei, queu quero brilhar!

dê licença, temporal


Golpe de vista do vesgo Virgulino, 
"Que manguito, que manguito!",
Aplicado hábil numa gorda feirante do Mercado Central
Malfazejo de menino, que no cimo da cabeça
Já nem é mais menino.

Mais um, menos um manguito em janeiro
É encher um copo cheio,
Martelar um prego enterrado,
é tentar conquistar o seu próprio admirador secreto!

Fazê-lo discreto: era só o que queria.
Porque andava por ali um polícia magrela
Que inda hoje tem muita raiva de vesgo.
Cela da delegacia lotava de besta de feira
E quem tinha vesgueira! ai quem tinha vesgueira!
O seu pau de dá em doido, bem maior que o dos outros,
Amolegava lombo e a saúde das canela rasteira.

Lampião por brincadeira. Virgulino Madeira.
Os olhos trocados e mil fiapos de manga entre os dentes
Pra berrar mais tarde que roubara, por baixo, dez manguitos
Três manga rosa, umas quatro espada
Por baixo, e a pobre Jací tinha de concordá-lo
Que era muito fiapo, bastante fiapo.

Fazia melhores bonecas de caroço para Jací
Penteados diferentes nas loiraças
Esforço de fazê-las únicas e brincáveis,
Admiráveis senhoras,
Tomavam cházinho e eram mães de outras:
Maçãs de rosto esfiapadas, mangas chupadas.

Viola por Vitor Guerreiro.

Virgulino Madeira Intro

o arrimo dessa vida é o serenar dos dedos na mia crespeira
um afago do bem dado no emaranhado cessa a canseira

é que as pontas que me tocam são de todas ternas
pintam que? vem ver:

vermelhar do arrebol
negror dantes de manhã
claro do raiar do sol, e o mar titã

azul de ondular meus pêlos, cavucar cabelo num quadro color
traça um fio de arritmias, fio de maravias, toque amansador

violão: Emanuel Badu

quadro-cafuné

Josefina sai cá fora e vem vê
Olha os forro ramiado vai chuvê
Vai trimina riduzi toda criação
Das bandas de lá do ri gavião
Chiquera pra cá já roncô o truvão
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo plantá o feijão no pó
Mãe Purdença inda num cuieu o ai
O ai roxo dessa lavora tardã
Diligença pega o pano e cum balai
Vai cum tua irmã, vai num rumo só
Vai cuiê o ai, o ai da tua avó
Lua nova sussarana vai passá
Sêda branca, na passada ela levô
Ponta d´unha, lua fina risca no céu
A onça prisunha, a cara de réu
O pai do chiquêro a gata comeu
Foi um trovejo c´ua zagaia só
Foi tanto sangue de dá dó
Os cigano já subiro bêra ri
É só danos, todo ano nunca vi
Paciênça, já num guento a pirsiguição
Já só caco véi nesse meu sertão
Tudo que juntei foi só pra ladrão

arrumação - elomar figueira mello

o peão na amarração - elomar

Vou pro campo
No campo tem flores
As flores tem mel
Mas a noitinha estrelas no céu, no céu, no céu

O céu, da boca da onça é escuro
Não cometa, não cometa
Não cometa furos
Pimenta malagueta não é pimentão, tão, tão, tão

Vou pro campo 
Acampar no mato
No mato tem pato, gato, carrapato
Canto de cachoeira

Dentro d'água
Pedrinhas redondas
Quem não sabe nadar
Não caia nessa onda
Que a cachoeira é funda
E afunda

Não sou tanajura
mas eu crio asas,
Com os vagalumes
eu quero voar, voar, voar
O céu estrelado hoje é minha casa
Fica mais bonita 
quando tem luar, luar, luar
Quero acordar
com os passarinhos
Cantar uma canção
com o sabiá

Dizem que verrugas
são estrelas
Que a gente conta
Que a gente aponta
Antes de dormir, dormir, dormir

Eu tenho contato
Mas não tem nascido
Isso é estória de nariz comprido
Deixe de mentir, mentir, mentir..

Os sete anões pequeninos
Sete corações de meninos
e a alma leve, leve, leve
São folhas e flores ao vento
O sorriso e o sentimento
da Branca de Neve, neve, neve...

(Violão da minha frô Isabele)

meninos - juraildes da cruz (versão)

Dancing On My Own - Calum Scott(Cover)

tamborileiro a castigar os seus tantãs
bota vida em cem cantiga
mata e finda as tentações

terna a investida, por resposta o estrondar
dum ancestral de terra antiga
feito no tamborilar

batuque altivo, toque tem com quem tratar
trate com meu povo preto
trate com meu ijexá

auri - 3 am (Prod. Rastaje x sxber)

Auri

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