Tudo Tinha Ruído (Mauricio Pereira/Arthur de Faria)

ruídos da noite, ruídos na noite
ruídos no telhado: 
os passos das baratas distraídas pelo pátio
ratos adultos rangendo os dentes porque ainda não
sabem se vão ter hoje o que comer
a mãe de um nenê que chora
anda e canta zonza com ele no colo

tudo tinha ruído
tudo tinha ruído

o ruído rosa de uma rosa inconformada
que se sabe já ficando velha e aos poucos morta
o ruído de roda 
da Terra girando eternamente no mesmo lugar
a primeira lasca do iceberg 
que o Alasca um dia rachará 

o coração da moça que partiu sozinha no último metrô
o marcapasso manco de um asmático assustado 
com seu próprio chiado 

tudo tinha ruído
tudo tinha ruído

um windows ligando lá longe 
passar a noite em claro roendo unha com a luz apagada 
chorar baixinho no escuro 
com o despertador armado em 6 e meia

migalhas de creamcracker 
no cinzeiro do plantão do um nove zero
o radinho de pilha 
do porteiro que ressona sozinho no térreo  
sereno, tiros aqui e ali
motor de geladeira
a kombi do entregador
uma moto, um galo, um sabiá

tudo tinha ruído 
tudo tinha ruído
tudo tinha ruído

acho que só eu não tinha sentido

Tudo Tinha Ruído

Uma versão pra esse clássico do nosso Cassiano, cantada na velocidade da luz (ou do bebop), turbinada pelo piano do mestre Daniel Szafran.

Imagino q essa gravação é do ano 2000, na série de shows q eu fiz na maravilhosa casa paulistana Supremo Musical, e q depois deu origem ao disco "Canções Que Um Dia Você Já Assobiou vol.1".

(pelo jeito essa música foi um bis do bis, noite alta caminhando - por isso a banda já não tava mais no palco - isso é q vcs me ouvem chamando o Duofel no fim: eles eram um dos muitos convidados da temporada)

Mauricio Pereira e Daniel Szafran - A Lua e Eu

TROVOA
(Mauricio Pereira)

Minha cabeça trovoa
sob meu peito te trovo
e me ajoelho
destino canções pros teus olhos vermelhos
flores vermelhas, vênus, bônus
tudo o que me for possível
ou menos
(mais ou menos)
me entrego, ofereço
reverencio a tua beleza
física também
mas não só
não só

graças a Deus você existe
acho que eu teria um troço
se você dissesse que não tem negócio
te ergo com as mãos
sorrio mal
mal sorrio
meus olhos fechados te acossam
fora de órbita
descabelada
diva
súbita…
súbita…

seja meiga, seja objetiva
seja faca na manteiga
pressinto como você chega
ligeira
vasculhando a minha tralha
bagunçando a minha cabeça
metralhando na quinquilharia
que carrego comigo
(clipes, grampos, tônicos):
toda a dureza incrível do meu coração
feita em pedaços…

minha cabeça trovoa
sob teu peito eu encontro
a calmaria e o silêncio
no portão da tua casa no bairro
famílias assistem tevê
(eu não)
às 8 da noite
eu fumo um marlboro na rua como todo mundo e como você
eu sei
quer dizer
eu acho que sei…
eu acho que sei…

vou sossegado e assobio
e é porque eu confio
em teu carinho
mesmo que ele venha num tapa
e caminho a pé pelas ruas da Lapa
(logo cedo, vapor… acredita?)
a fuligem me ofusca
a friagem me cutuca
nascer do sol visto da Vila Ipojuca
o aço fino da navalha me faz a barba
o aço frio do metrô
o halo fino da tua presença

sozinha na padoca em Santa Cecília
no meio da tarde
soluça, quer dizer, relembra
batucando com as unhas coloridas
na borda de um copo de cerveja
resmunga quando vê
que ganha chicletes de troco

lebrando que um dia eu falei
"sabe, você tá tão chique
meio freak, anos 70
fique
fica comigo
se você for embora eu vou virar mendigo
eu não sirvo pra nada
não vou ser teu amigo
fique
fica comigo…"

minha cabeça trovoa
sob teu manto me entrego
ao desafio de te dar um beijo
entender o teu desejo
me atirar pros teus peitos
meu amor é imenso
maior do que penso
é denso
espessa nuvem de incenso de perfume intenso
e o simples ato de cheirar-te
me cheira a arte
me leva a Marte
a qualquer parte
a parte que ativa a química
química…

ignora a mímica
e a educação física
só se abastece de mágica
explode uma garrafa térmica
por sobre as mesas de fórmica
de um salão de cerâmica
onde soem os cânticos
convicção monogâmica
deslocamento atômico
para um instante único
em que o poema mais lírico
se mostre a coisa mais lógica

e se abraçar com força descomunal
até que os braços queiram arrebentar
toda a defesa que hoje possa existir
e por acaso queira nos afastar
esse momento tão pequeno e gentil
e a beleza que ele pode abrigar
querida nunca mais se deixe esquecer
onde nasce e mora todo o amor

Paulo Monarco - voz e violão
Dandara - voz

Acesse: https://doistemposdeumlugar.bandpage.com/
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Escute: https://soundcloud.com/doistemposdeumlugar
Assista: http://www.youtube.com/DoisTemposdeUmLugar

Trovoa

fugitivos

Mauríco Pereira e Juçara Marçal, cantam Trovoa de Mauricio Pereira no Cultura Livre 

Trovoa - Mauricio Pereira e Juçara Marçal

Primeiro disco solo da cantora paulistana Míriam Maria, lançado em 2000. Com participações de Zeca Baleiro, Lenine, Itamar Assumpção, Chico César, Nelson Ayres, Mascos Suzano e outros.

03 - Balangandans (Mauricio Pereira)

12 Desaparecido

Arthur de Faria - Voz e Piano
Joana Queiroz - Clarone
Pedro Destro - Baixo
Mariá Portugal - Bateria

Ao vivo no JazzB, São Paulo, em 2016.

Gravado por Humberto Torto.

Tudo Tinha Ruído (Arthur de Faria / Maurício Pereira) - Arthur, Joana, Destro, Mariá.

Ser Boi Remendolá é uma parceria do Remendola de Chave com Mauricio Pereira e foi criada a partir da música Ser Boi, de Mauricio/ Ser Boi Remendolá is a partnership of Remendola da Chave and Mauricio Pereira and was created from the sonfg Ser Boi, from Mauricio.

Ser Boi Remendolá

Canção do CD Brasileirinhos - música para os bichos do Brasil vol2
música - Paulo Bira / letra - Lalau / ilustração - Laurabetriz
Voz - Maurício Pereira
Sax e flauta - Carlinhos Moreira
Bateria - Sandro Moreno

Uacari

Singer, songwriter from São Paulo, Brazil.
Músico de São Paulo, compositor, cantor, 8 discos solo, criador de Os Mulheres Negras nos anos 1980.
Aqui vc ouve meus discos e tbem coisas ao vivo, inéditas, secretas, etc e tal.

Tudo Tinha Ruído

Mauricio Pereira

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