torment

originally released October 31, 2024
Live sessions, B-sides, remixes, reimaginings, found files & more from bedrooms and studios across the country. 

Seven Eight

Orchid-Framecode

Gab Teixeira - vocais, guitarra, baixo programado, bateria programada, letras, composição, gravação, produção, artwork (colagem)

Cetacea - mix e master de instrumentos

letra:
você me deixou vazix. usadx. objetificadx.

o seu privilégio em poder me sexualizar na frente de todo mundo e ainda assim ser vista como a vítima enquanto eu sou o excluído. o equilíbrio de poder é relativo e depende da situação; eu sou visto como violência e você é vista como inocência.

eu não sei onde que eu termino e você começa. quando que a escolha foi minha e quando foi sua.

eu sei que a sua defesa não se aplica a mim, usando ideais como escudo e disfarce. tudo que você diz ser contra, você se vira e faz comigo, eu sei que você não me vê como um igual.

os seus comentários eu levo comigo, eles me lembram que eu não posso confiar em ninguém. e além de tudo isso, a imaturidade; tudo é tão distante. eu me sinto atrasadx, que nunca aprendeu a fazer nada então você tira vantagem de mim. é fácil me culpar, é fácil me jogar fora; cordeiro sacrificial.

"se tornar uma marionete significa se livrar da dor e da severidade da escolha. agora, nada que você faz é sua culpa. agora, você pertence a algo. você pertence a mim."

eu já fui tratadx como um brinquedo uma vez antes, e eu tenho medo de passar por isso de novo nas mãos de quem fingi se importar, mas as vezes eu ainda queria poder não precisar pensar.

eu entendo que todos nós somos vítimas da comercialização da sexualidade. eu entendo que todos nós somos vistos como produtos a serem escolhidos e consumidos. eu entendo que você já foi tratadx assim, mas isso não justifica você também me tratar assim. o ciclo só vai ser quebrado quando nós reconhecermos isso. não me veja como a minha sexualidade, não me veja como a minha identidade, me veja como um ser igual a você, e me trate como tal.

Bode expiatório top de linha, número #1 no mundo todo

Gab Teixeira - vocais, guitarra, baixo programado, bateria programada, letras, composição, gravação, produção, artwork (colagem)

Cetacea - mix e master de instrumentos

letra:
nossos monumentos modernos a monotonia. um gigantesco coração de concreto, tão vazio quanto as nossas vidas. engane a si mesmo, conecte os tubos de estímulo nos buracos que se sobrepõem por todo o seu corpo. nós já perdemos tanto, elxs querem tirar ainda mais, membros substituídos por ferramentas, só uma parte da linha de montagem, e agora máquinas estraçalham seus olhos, trocando a dor da realidade por um entorpecente digital.

infinitas formas heptagonais dançam por trás da minha cavidade ocular. eu fui mecanizadx, você foi mecanizadx, nós fomos mecanizadxs, para servir. maldições transmitidas através das ondas de rádio. um líquido viscoso vazando do seu rosto; não se preocupe, é só um efeito colateral da modernidade. corpos são embalados em formas de cubo, peças se encaixando umas nas outras, não existe mais espaço para nenhum de nós.

perdendo a cabeça, virando um drone para a violência. as maldições se enraízam, você viola o próximo. é isso que eles querem, nos matamos entre nós, não existe mais solidariedade ou entendimento. eu não vou deixar você impor sua vontade em mim então acho que vou ter que morrer com meus dentes no seu pescoço. ouroboros.

(a cada dia que se passa, cada vez mais o nosso espaço está diminuindo. cidade murada, existências em sobreposição. tudo que eu faço afeta a sua vida, e tudo que você faz a minha. e mesmo assim, a violência é promovida, o egoísmo, a falta de empatia, falta de consideração pelas condições do próximo. o sistema capitalista representa extrema individualidade, assim como você e suas ações e sua falta de consideração pelo próximo, você é só mais uma engrenagem nessa indústria do sofrimento. teoristas da conspiração falam em planos para o despovoamento; o verdadeiro despovoamento está em quão pouco nós pensamos uns nos outros, está na privação do nosso senso comunidade, está no ódio que tantxs sentem uns dos outros. o ser humano é o próprio pior inimigo. a humanidade é o seu próprio apocalipse.)

os fios perfuram minhas veias, eu não lembro mais como é sentir.

a vingança do nosso passado esquecido. nós perdemos tudo para a máquina; exceto a nossa fúria, mas alguns já foram medicados, adestrados.

acorda! nós somos todos parte de algo tão maior; um deus feito de sangue, carne, ossos, e tendões. um deus morto e impotente, amarrado por correntes no fundo do oceano, enquanto essas legiões drenam nossa vida. quando nós vamos tomá-las de volta?

Se eu soubesse que ser um androide seria assim, eu preferiria ter apodrecido como um ser humano

Gab Teixeira - vocais, guitarra, baixo programado, bateria programada, letras, composição, gravação, produção, artwork (colagem)

Cetacea - mix e master de instrumentos

letra:
se eu chegar a sua idade sem nada pra mostrar, eu vou me matar, eu não vou incomodar. me dá nojo ser relacionadx a você, verme patético. limpando o chão onde quem te odeia andou porque você não tem mais nada nem ninguém além disso, você me mostra o que eu não devo ser. cachorro abandonado.

um soco no estômago, um cuspe na cara, e a sua resposta é "obrigado." o seu sangue podre ainda se manifesta em mim, e eu tenho medo disso. tentando fugir do jeito que você me criou.

meu sangue espalhado pelo chão do meu quarto, varrido para baixo do tapete porque você tem medo da quebra de rotina. se você se encontrar dentro de um buraco, pare de cavar; essa é a lei. eu nunca parei de cavar.

eu não sei quem eu sou, porque é impossível todas as linhas se interceptarem. nenhuma representação é boa o suficiente, não importa o que eu faça. eu sou um espelho quebrado, superposição, existência rachada. você tem que ter a coragem para admitir que você não sabe o que quer, que nós estamos perdidos, que nós não sabemos viver.

2 anos, 3 anos, 4 anos, 5 anos, mas pra mim são 0 anos então eu já perdi. saboreando essas palavras na minha mente como veneno para ratos. eu queimei todas as pontes, fechei todas as portas. mas eu estou vendo que eu ainda vivo sem pagar aluguel dentro da sua mente.

eu já sei que não existe lugar para mim, você não está me mostrando nenhuma novidade. multiplicidades brigam por dominância, mas eu sei que nenhuma delas é a solução. vivendo em constante questionamento de porque eu não consigo ter nada, mas aí que está o paradoxo: esse questionamento é derivado deste mesmo fato. a roda da fortuna não para pra ninguém.

loop de feedback: você se sente mal porque você não tem nada. // você não tem nada porque você se sente mal.

eu tive uma visão a anos atrás. profecia auto-realizável.

eu estou na estação, esperando o próximo mundo passar, mas o mundo não para para mim.

Na próxima vez que você me ver, eu estarei dirigindo uma Mercedes preta com a placa "UTOPIA"

Gab Teixeira - vocais, guitarra, baixo programado, bateria programada, letras, composição, gravação, produção, artwork (colagem)

Cetacea - mix e master de instrumentos

letra:
é tão mais fácil se afogar quando não tem ninguém por perto para te salvar. valhe muito mais a pena olhar para o céu do que olhar para os seus olhos. em coma dentro do meu casulo a tanto tempo que meus ossos perfuram minha pele. desligue logo o suporte de vida, eu já vivi por séculos demais. eu quero que exista algo mais que só isso, eu quero explorar os mistérios da cidade, eu quero ver coisas incompreensíveis, então vá em frente e ria de mim por não aceitar a sua realidade, por esticar minha consciência o mais fina o possível e agregar universos inteiros ao meu ser.

mas afinal, o que você espera de mim? se eu não consigo sair desse buraco, se todo mundo vai embora, se eu não consigo sentir nada; o que mais existe se não sonhar acordadx e consumir planetas? 

eu não sei como ser uma pessoa mas eu sei como ser um personagem. eu vou abandonar a humanidade e me tornar um conceito metanarrativo, eu não existo mais.

eu não acredito na realidade.

uma puxada do gatilho vai me fazer ver cores que não existem. cada vez que meu crânio explode contra o concreto, eu quero acordar em uma vida diferente. eu sou a aparição na biblioteca, pergunte sobre mim para os seus colegas, eles vão te dizer que não me conhecem porque eu já morri a muito tempo. a dor de tantas consciências dentro de apenas um só cérebro. toda dor, toda felicidade que eu já senti não foi minha. porque, quando eu abro os meus olhos, eu não vejo nada além de escuridão. vivendo em um purgatório, ser translúcido fora do mundo sólido. uma fenda se abre no céu, partindo o em dois e revelando o fractal, é com isso que eu sonho todos os dias, completa destruição de memórias dolorosas e o fim da ilusão do demiurgo. eu vou afogar meu ser sob milhões de camadas meta-ficcionais porque eu não sei como viver, então vá em frente e ria de mim. o que você chama de infantilidade, eu chamo de entender a verdadeira natureza da realidade.

acordando do pesadelo, paralisadx pelo medo, porque eu sinto uma presença sobre mim. (suicídio quântico.)

eu quero ser nada, eu quero ser tudo. eu quero ser deus, eu quero ser nulo. eu quero ser homem, eu quero ser mulher. eu quero existir, eu não quero existir.

Bode expiatório top de linha, número #1 no mundo todo

Memorial para uma inexistência

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