"Se fosse preciso definir a Luzco em uma palavra, com certeza seria: entrosados. É claro que para uma banda brilhar é preciso que os integrantes se destaquem por si só, mas a fluidez com que esses rapazes conduzem já impulsiona instintivamente os sensíveis à musica com sua pegada. Altos e baixos, fúria, calmaria, breques, quebras de ritmo. Impossível reconhecer quando é ensaiado ou quando improviso. Parecem que remam juntos numa maré que eles mesmos impulsionam. A começar pela cozinha, bateria e baixo se complementam em um show a parte, seriam capazes, só os dois, de levantar uma pista fervente de devotos do mais puro drum'n'bass. A segunda ponte desse mágico fluxo é o grau de parentesco univitelino do baixista e o guitarrista, gêmeos, que cresceram ao estimulo do pai que fez questão de educá-los amparado pela musica. Essa cama, por fim, é preparada para envolver e deixar sonhar à vontade o vocalista que conduz e é conduzido como o desatador desse grande nó que, as gerações dos últimos anos, enrolaram o rock nacional. Nesse impecável barulho choramingoso. Se nota nesse rapaz a sinceridade inocente dos hardcore melódicos, mas sem o exagero melado, pois em contra partida emerge o berro angustiado dos rebeldes sem causa que só os roqueiros poetas emitem em suas referências. Pode parecer óbvio falar de entrosamento, pegada e inventividade para uma banda de rock, mas em tempos onde, na musica, cada um corre por si e grava a sua parte, Luzco faz juz ao nome, uma luz de criatividade em meio às trevas de superproduções vazias de alma."

por Danilo Scarpa.

Acme consolida evolução da cena rap de Mogi das Cruzes
MC do grupo Nível de Cima lança o EP De Onde Eu Venho, seu segundo 
trabalho solo, com sete faixas que atestam a qualidade do rap de Mogi das Cruzes

	Vem de Mogi das Cruzes uma das surpresas positivas do rap neste final de ano. Lançado no início do mês, o EP De Onde Eu Venho, segundo trabalho solo de Acme (MC do grupo Nível de Cima), consolida a cidade no mapa das boas novidades do rap brasileiro em um ano bastante produtivo para a cena local.
	Concebido desde outubro de 2014, o EP foi gravado em julho deste ano no Estúdio Municipal de Áudio e Música (Emam) de Mogi das Cruzes, e também carrega o selo Shuriken Produções, coletivo do qual Acme é integrante.Mais que seu amadurecimento musical, o segundo trabalho solo do MC – depois de El Elyon, lançado em 2009 – também mostra maturidade nas letras e temas abordados nas sete faixas, uma delas de introdução. Assinam as produções DJ Neew e Said no Beat, além de scratches e colagens por conta de DJ Kriador.
	“A meta é romper barreiras, fazer música que agrade a todas pessoas, independementente de sua etnia, classe social, credo, idade ou qualquer outra distinção”, explica o MC, sobre o EP lançado no dia 3 de novembro, na abertura da III Semana do Hip-Hop de Mogi das Cruzes. “Quero sempre buscar subir um novo degrau, fazendo minha música e minhas reflexões atingiremcada vez mais pessoas.”
	Uma das primeiras faixas do CD, “Boa noite, Cind” deve ganhar videoclipe em breve. Dançante, a canção aborda a questão de homens que se aproveitam de mulheres embriagadas ou inconscientes, e lembraque é responsabilidade de toda a sociedade ficar atenta para coibir este tipo de abuso. 
Também ganha destaque a faixa “Fluxo de ideias”, em que Acme exalta sua formação como MC e organizador de batalhas – foi fundador da ainda existente Arena MC, realizado todas as sextas-feiras em sua cidade. E, para isso, convoca sete rimadores selecionados na própria Arena: Caruso, Dimas, Dbeat, Hjoota, Oroboro, Nick e New.
Com refrão cativante de Gui Cardoso, “Sintonia” também conta com participações de Cascão NDC e Telo Telow. E, entre outras, a faixa-título “De onde eu venho”, que encerra o trabalho, é dividida em duas partes: na primeira, Acme fala sobre seu bairro de origem; e, na segunda parte, fala sobre sua origem cultural, o hip-hop.

	Ativismo e versatilidade –Clayton Gomes, ou Acme, é bastante atuante na cena hip-hop de Mogi das Cruzes desde 1999, quando foi criado o grupo Nível de Cima. O grupo “terminou” em 2004, mas foi retomado em 2014 e, em junho do ano passado, lançou o álbumNível de Cima. OMC também faz parte da banda Funkciona. 
Como ativista cultural, já fez parte dos coletivos Incentivo Hip-Hop, Rede Nacional das Casas do Hip-Hop e 90 BPM. Foi um dos criadores da Associação Mogiana de Hip-Hop (que presidiu por dois anos), da Casa do Hip-Hop de Mogi das Cruzes e da batalha Arena MC e da Mogicity Produções. Também fez parte do início da conhecida Batalha do Santa Cruz, em São Paulo. E criou projetos como o Start Hip-Hop, que consiste em palestras e debates; MogicityBattle, com batalhas de breaking e de MCs, além de reunir DJs e graffiteiros; e MogiSound System. Atualmente, faz parte do Coletivo do Morro e do Shuriken Produções.

Texto: Gilberto Yoshinaga

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