Neste poema musicado, o som emerge como arqueologia do sentido — palavras que nascem não do significado, mas do zumbido primordial que habita o vazio. Há aqui uma investigação sobre a impossibilidade da comunicação: falo sem querer ser ouvido, escrevo sabendo que palavras escritas são mudas como mortos, como plantas.

O texto transita entre o nonsense e o sagrado, entre o SUS e o ori, entre frestas de paredes e jazigos. Os ruídos escapam não porque sejam livres, mas porque a contenção é ilusória. "Ossos tingidos de luz" — uma imagem que carrega tanto a morte quanto a transcendência, a matéria e o espírito simultaneamente.

É uma reflexão sobre como habitamos a linguagem: atravessando sons e ritmos sem saber o que falar, reconhecendo que toda palavra é eco, toda comunicação é controvérsia, toda tentativa de dizer é também uma forma de calar.

O poema questiona se cabe mais alguém — no sistema, na vida, no sentido. E responde com sons súbitos que escapam, incontroláveis, pelos vãos de onde guardamos o que já morreu mas insiste em ressoar.

 #PoesiaSonora #Antimusica #PalavraMuda #RuidoELinguagem #PsychoticSurge

Sons e f(r)estas

Psychotic Surge: An Anti-Musical Cartography

Between Rio de Janeiro's humid nights and the Bay Area's electric fog emerges a sonic territory that refuses naming. Psychotic Surge inhabits the threshold where structured rhythm dissolves into controlled chaos, where the predictable becomes uncanny. Here, experimental improvisations capture fleeting auras—each recording a unique fingerprint of temporal collapse, where early acid techno memories bleed into orchestral synthetic dreams, noise becomes prayer, and minimal compass constraints birth maximal expression.|

This is not music seeking approval but sound demanding participation. Like thought before language, these compositions exist in the space between intention and accident, where repetition becomes difference and structure emerges from its own undoing. The project traces a geography of becoming—each track a deterritorialized moment where voices merge with synthesizers not to communicate but to invoke presence itself. Concrete-musique fragments scatter across avant-garde landscapes, creating soundscapes that remember futures and anticipate pasts.

Listen not to understand but to inhabit. Each track opens a clearing where being precedes meaning, where the ear becomes an organ of ontological investigation. Enter these sound-worlds as you would enter memory—sideways, vulnerable, ready to be transformed. The psychotic surge event is not performance but ritual participation in the moment's aura, an invitation to dissolve the boundary between listener and listened. Here, in the grey area where music questions its own existence, you're called to witness sound's capacity to reveal what language conceals—the raw pulse of existence before it learns to speak. Engage these recordings as maps to territories that exist only in their crossing, where each listen births a new geography of sensation.