01 Zé Pereira ofício NS

02 Serafina

03 Anjos e Orixás

04 Brilho Perfeito

05 A quem quiser me ouvir

06 Fim da ira

07 Busca da visão

08 Pirocóptero

09 Química

10 Lugar ao sol

11 Ter

12 Insustentável

13 Melhor Momento

14 Riso de sol

15 Pombinho branco

Nossa Senhora do Porto
Da paz interior
É quem cuida do nosso amor
Porque esse amor
É sereno, abençoado
E merece ser louvado
Levado no andor
A todo canto do mundo
A todo mundo do canto
Na voz de todo cantador
Pois o mundo precisa saber
Da magia que rege o amor
Da consciência suprema
Fogo que arde e não queima
Divina chama da luz superior

Sérgio Pererê: voz
No Chilla: bongô, chocalhos, guiros, bongô de madeira, set de madeiras, pandeiro, berimbau, metais e coro


Nossa Senhora do Porto

Ogum na areia
Chorou, que chorou, que gerou o mar
Chorou, que chorou, que gerou o mar
Gerou o mar
Ara, se eu não vou chorar
Ara, se eu não vou chorar
Me derramar

Sérgio Pererê: voz
Anabella Porta: voz
Marcelo Estol: voz
No Chilla: talking drum, surdo, cabaças, quinto, conga, gonguê e coro

Ogum na Areia

Serpenteia
Na dança das ondas revela mistérios na areia
Devaneia
Molhando as saias da barra, mexendo a bateia
Incendeia
Calunga batendo de gunga a canção e candeia
Lisonjeia
Quem sente a magia que corre fervendo na veia

Eu vou cantar meu Daomé
Melodizar a minha fé
Quem vem de lá com meu axé
De xaxará no Opanijé
Eu sou de lá e quem não é
Ao menos na ponta do pé
No meu cantar, canta Ifé
No meu chorar sobe a maré

Sérgio Pererê: voz
Anabella Porta: voz
No Chilla: chico de candombe, kalimbas, set de madeiras, set de metais, quinto,
conga, surdo e pandeiro

Serpenteia

A menina acendeu meu candeeiro
E me deixou da cor do sol de Oiá
Eu cheguei no Rosário de Maria
Ó minha mãe, saravá

Jaguatirica miou mata adentro
Sete flecha correu, foi procurar
Eu cheguei no Rosário de Maria
Ó minha mãe, saravá

Meu irmão, minha irmã, João e Joana
Caboclo de Pena e Beira Mar
Eu cheguei no Rosário de Maria
Ó minha mãe, saravá

Negro Velho viu noite virar dia
Meu sonho pousou em alto mar
Eu cheguei no Rosário de Maria
Ó minha mãe, saravá

Já não vejo pedra em meu caminho
Nem peso que eu não possa carregar
Nem a cruz nem a coroa de espinhos
Terão forças pra me abalar
Eu cheguei no Rosário de alegria
Foi depois de muito caminhar
Eu cheguei no Rosário de Maria
Ó minha mãe, saravá

Sérgio Pererê: voz e charango
No Chilla: shakers, triângulo, clavas, surdo, palmas, set de metais e coro

Rosário de Maria

Álbum Desconhecido (25/6/2010 15:07:37)

Cosme e Damião

Me faz chorar
Me faz chorar de alegria
Quem abre a garganta na rua
Carregando a santa no andor
Me faz chorar

Eu via lá
Eu via lá na Aruanda
Onde eu morava
Antes de ser menino
O meu povo rezar
Eu via lá

Oiê
Essa ngoma me bate no peito
Como os sonhos de meu pai
É o sagrado rosário
Dos pretos velhos de Aruanda
Que vem coroar
A minha canção
Com a luz do céu

Oiê
Essa ngoma me bate no peito
Como os sonhos de meu pai
É o Sagrado Rosário
Dos Pretos Velhos de Aruanda
Quem vem me falar
Que a grande Mãe
Ouve nossa voz

CAIXA, GUNGA, VIOLÃO E VOZ 
Sérgio Pererê

TAMÁ 
Daniel Guedes

VIOLINO 
Nath Rodrigues

Aparecida Reinos Negros

Rosário dos Pretos

Álbum Desconhecido (25/6/2010 14:09:35)

Estrela Natal

O que primeiro chama atenção é a voz.
Depois, todos os afetos que a atravessam.
E é junto à voz que tudo se une e realiza o artista Sérgio Pererê.
Artista-hífen-MPB-Charango-Samba-Cavaquinho-Rock-Rebeca-Jongo-Capoeira-Jazz-Guitarra-Tango-Djembé-Blues-
Toda uma gama de percussão
O Congado, o Candomblé.
Hífens que continuam para produzir algo novo
Que não é simplesmente a sombra dos anteriores
Mas um sabor diferente, como um novo tipo de berbere, de jacuba, de maniçoba, de tropeiro ou de todos esses pratos em que a mistura é a sua particularidade.
Seus discos demonstram bem a força dessas misturas
E cada qual um novo prato
Do Labidumba (2008), a voz como percussão; do Serafim (2011), uma versatilidade mais pop; de Viamão (2016), a percussão que perpassa a latino-américa; Cada Um (2018), que realiza a mistura do tradicional e o contemporâneo; Linha de Estrelas (2005) e Famalé (2014), a ancestralidade que marcava já seu trabalho com o Tambolelê.
Ancestralidade que costura sua obra, que conta com outras linhas:
As águas
Os anjos
Os orixás
As estrelas.
Os caminhos e encruzilhadas.
A existência.
É Costura da Vida, Velhos de Coroa, os Guardiões da Memória, Cosme e Damião, a Alma Grande, Vento e Chama, Vendaval, o Riso do Sol, Zé Pereira, o Parto e o Fim da Ira.
Vindo do bairro Glória em Belo Horizonte, Minas Gerais
É Pererê quem determina seus territórios e linhas de fuga
E se junta e compartilha desde sempre – suas mãos com outras mãos
Descobrindo de onde vem – DNA África -
E envolvido, a partir da família, com o que o cerca
E leva à cidade seus afetos políticos como forma de luta
(O transcendente é político)
Seja no carnaval, seja no Movimento Negro (GloriÁfro, Bloco do Pirulito, Bala da Palavra, Dread Locko e tantos outros)
E faz do mundo um palco, onde também virou ator
E onde lança suas palavras, como no livro A Morte de Antônio Preto.
Reunidor de afetos, com impulso transformador
Um existencialismo negritado, desestabilizador do ordinário
Versatilidade sem virtuose desnecessária,
Mãos que escrevem, tocam, dedilham, pulsão e vibram
Comovem, emocionam, enternecem – e afetam.
Uma voz. A voz.

sergioperere

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