Nesta sexta-feira, 30 de junho, a professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Jordana Coelho dos Reis conversou com a apresentadora Luiza Glória, no programa Conexões.

A pesquisadora recuperou o histórico da gripe aviária, que entre 2002 e março de 2022 teve 864 casos entre humanos em 18 países, com 456 mortes. Desde o final do ano passado, a Organização Mundial de Saúde passou a relatar surtos em aves pelo mundo naquele que é considerado o pior quadro da doença em relação aos outros animais já visto. A professora Jordana deu detalhes sobre a transmissão do vírus e os sintomas. Ela destacou a alta letalidade do H5N1 e afirmou que a transmissão entre humanos não ocorre com facilidade. A docente explicou também como o vírus virou um fator de preocupação também para o Brasil e analisou as medidas adotadas pelo governo, que declarou a doença emergência zoossanitária no último dia 22 de maio.

‘A gente tem uma variedade enorme de vírus influenza, como se fossem as variantes do SARS-CoV-2, e o influenza tem o poder de mutação e de modificação do seu genoma viral muito superior ao SARS-CoV-2. Isso, inclusive, é esperado por nós, que o influenza vai ter novas variantes capazes de ser mais transmissíveis, principalmente entre as aves. Quando a gente tem o avançar dos anos, o H5N1 deu uma sumida e outros, como o H5N6 e H5N8, apareceram gerando muito problema. Basicamente, isso acontecia na Ásia, na África, na Europa e até no Oriente Médio, nos EUA, no Canadá, naquela região Norte. A novidade agora é que esse vírus comece a chegar mais no Sul e aí que tem a grande preocupação. A gente não tinha aves de vida livre, aves silvestres chegando aqui no Brasil e estabelecendo infecção entre outras aves e a gente não conseguia observar isso com clareza. Isso pode ser uma entrada mais característica devido às mudanças climáticas em nosso planeta, permitindo que aves façam trajetos migratórios diferentes do que elas estão acostumadas. Para nós, no Brasil, agora há mais de 50 casos de aves silvestres relatadas infectadas, é muito importante alertar que está espalhado e o MAPA já lançou um alerta de emergência sanitária no território nacional. O lado bom: até agora não temos o vírus circulando em aves de granja que vão para o consumo humano e não temos casos de gripe aviária atingindo humanos. Isso é muito positivo para nós até agora’, analisou.

Gripe aviária: Entenda o surto mundial da doença em animais e os riscos para os seres humanos

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