Militante de esquerda com ampla trajetória pública no país, Aldo Rebelo é jornalista e escritor, presidiu a Câmara dos Deputados, foi relator do Código Florestal e ministro de Estado nas seguintes pastas: Coordenação Política e Relações Institucionais; Esporte; Ciência, Tecnologia e Inovação; e Defesa. Toda essa trajetória o credenciaria para participar como interlocutor privilegiado do governo que está no poder. Só que Aldo Rebelo não apenas se afastou do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, como também não poupa críticas ao governo Lula. Na contundente entrevista que concede ao nosso podcast, Aldo Rebelo apresenta sua visão de país e explica por que, no debate em torno do marco temporal, o Supremo Tribunal Federal está abrindo espaço para que áreas não ocupadas sejam reivindicadas ou por indígenas ou por seus descendentes. E as consequências disso podem ser drásticas.

Podcast 768 – Aldo Rebelo: “O STF vai criar um sistema de insegurança jurídica no campo”

MONEY TALKS segue repercutindo a política brasileira. Comentamos como o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a aplicação da tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas. O placar foi de 9 a 2. Com isso, a Corte colocou um ponto final na iniciativa ruralista de limitar o acesso à terras por parte de brasileiros mais do que natos. Em represália, parte da bancada à direita promete retaliar o Executivo no Congresso, em uma clara mistura de competências entre os Poderes. Em outro cenário, após meses de opiniões divergentes sobre a guerra no leste europeu, Lula manteve um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O brasileiro é criticado desde o início do governo por países ocidentais e até por Zelensky em razão de uma posição considerada leniente sobre a invasão promovida pela Rússia de Vladimir Putin. Porém, diante da possibilidade de prolongamento indefinido do conflito, Lula ganha algum protagonismo pela neutralidade. Enquanto a maioria falava em ajuda militar e retaliações comerciais, ele pregava ao vento sobre negociações de paz. Em breve o brasileiro deve se encontrar com Putin para intermediar algum diálogo. Participaram o publisher de MR, o jornalista Aluizio Falcão Filho, o editor-chefe André Vargas e o editor Rodrigo Dias.

216 - Podcast: Marco temporal barrado; Lula, o novo amigo de Zelensky

Nesta sexta-feira, 22 de setembro, a mulher indígena da etnia Kambiwá, professora, socióloga e mestranda em Estudos da Ocupação pela UFMG Avelin Buniacá Kambiwá participou do programa Conexões.

Ela celebrou a derrota da tese do Marco Temporal no STF, por 9 a 2, destacando a mobilização indígena para esse resultado. O Marco buscava estabelecer que povos indígenas só poderiam reivindicar terras que estivessem ocupando na data da promulgação da Constituição, 5 de outubro de 1988. Porém, a convidada também chamou a atençao para o PL que tramita no Senado e também tenta aprovar a tese, além de inserir aditivos que prejudicariam os povos indígenas.

Marco Temporal cai no STF: Indígena Avelin Kambiwá celebra, mas aponta outras ameaças aos povos

MONEY TALKS segue repercutindo o que de mais relevante ocorreu na política brasileira. O Senado aprovou, por 43 votos a 21, na quarta-feira (27), o projeto que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas. A proposta seguirá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - e deverá ser vetada. Pelo texto, os povos indígenas só poderão reivindicar a posse de áreas que ocupavam de forma permanente até 5 de outubro de 1988, quando da promulgação da Constituição. Na prática, se as comunidades não comprovarem que estavam nas terras nesta data, poderão ser expulsas. O movimento de avançar com o projeto, liderado pela bancada ruralista, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A corte definiu a tese do marco como ilegal. A votação no Senado foi relâmpago. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o texto no início da tarde. O projeto não estava na pauta do plenário. Diante da contradição entre Congresso e STF, o embate entre legisladores e magistrados é inevitável. Outro caso que causou rebuliço na semana terminou na exoneração, terça-feira (26), da assessora Marcelle Decothé da Silva do Ministério da Igualdade Racial, após uma postagem em suas redes sociais na qual lançou comentários preconceituosos contra a torcida do São Paulo, no domingo (24): "“Torcida branca que não canta, descendente de europeu safade. Pior tudo de pauliste (sic)". Na ocasião, Marcelle assistiu, ao lado da ministra Anielle Franco, a final da Copa do Brasil entre São Paulo e Flamengo. A ministra também foi criticada por ir à capital paulista em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Horas após o ocorrido, o governo esclareceu que Anielle e assessoria foram ao estádio assinar uma ação para combater o racismo no esporte. Participaram editor-chefe André Vargas e os editores Lorena Giron e Rodrigo Dias.

217 - Podcast: Marco temporal dividido; pisada desigualitária de bola

Deputados ligados ao agronegócio vão tentar a derrubada dos vetos do Governo Federal à lei (14.701/23) que trata da demarcação de terras indígenas, em especial o veto ao marco temporal.
O Presidente da República manteve na íntegra apenas 9 dos 33 artigos aprovados pelo Congresso. Além disso, o ponto principal da proposta foi vetado, o chamado marco temporal das terras indígenas.

Deputados ligados a agronegócio querem derrubar veto a marco temporal das terras indígenas

Nesta segunda-feira, 18 de dezembro, o indígena do povo Terena, coordenador jurídico na Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e doutorando em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) Maurício Terena conversou com a apresentadora Luiza Glória, no programa Conexões.

O convidado destacou a articulação, principalmente da bancada ruralista, para derrubada de vetos do presidente Lula, o que configura um ataque aos indígenas. Maurício Terena explicou que, para os povos originários, o território é o que permite a manutenção das culturas e modos de vida, sendo um direito fundamental.

Ele afirmou que há uma ofensiva contra os povos no Congresso, após a conquista da criação do Ministério dos Povos Indígenas, e o aumento de representação na Câmara, apesar de ter uma bancada pequena. O coordenador jurídico da Abip afirmou que a entidade vai recorrer ao STF e espera que o Supremo mantenha sua jurisprudência, uma vez que já declarou o Marco Temporal Inconstitucional em setembro.

Marco Temporal: Maurício Terena, da Apib, fala da queda de vetos no Congresso e ações da entidade

Nesta sexta-feira, 19 de abril, a jornalista Alessandra Dantas conduziu, no programa Conexões, uma mesa redonda especial sobre o Dia dos Povos Indígenas.

Ela recebeu um convidado e duas convidadas especiais de diferentes gerações nos estúdios da UFMG Educativa: Eni Carajá Filho, 62 anos, cacique da Comunidade Indígena Carajá de Minas, graduando em Antropologia na UFMG, educador popular, Conselheiro Nacional da Pessoa Idosa e membro da Coordenação da Rede de Articulação Nacional de Indígenas em Contextos Urbanos e Migrantes (RENIU); Irene Pancaritas, 51 anos, indígena do povo Aymara, na cordilheira dos Andes, integrante do Comitê Indígena Mineiro, assistente social, artesã e integrante do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) da Prefeitura de Belo Horizonte; e Thyara Pataxó Kariri Sapuyá, 30 anos, liderança indígena da aldeia Pataxó Novos Guerreiros, no extremo sul da Bahia, presidente da Associação de Jovens Indígenas Pataxó (AJIP) e estudante do curso de Direito da UFMG.

Eni Carajá Filho contou que recebeu do pai a missão de continuar o legado, algo que demorou anos para entender. Com a vivência e a pesquisa, aprendeu que a história dos povos indígenas é a mesma e o Brasil é um território só, indígena. “Vivemos em um contexto urbano, indígena é indígena onde estiver”, resumiu. Irene Pancaritas reforçou, afirmando que foi a colonização que criou as fronteiras, uma vez que seus antepassados Aymara, da Bolívia, caminhavam por todos os lugares. “Somos um só povo”, ela defendeu. Thyara reforçou uma fala de Eni de que é preciso combater estereótipos, imagens negativas inventadas sobre os indígenas, descolonizar o pensamento. Assim, a juventude tem a responsabilidade de aprender com as outras gerações e seguir ensinando. Ela destacou que não há o que festejar no dia 19 de abril, pois foram muitas violências sofridas, por isso mesmo o dia é de luta, “para que as próximas gerações não precisem passar o que a gente passa”, desabafou.

A conversa também passou pelos valores indígenas, a experiência universitária, a vivência deles em Belo Horizonte e as origens do dia 19 de abril.

Dia dos Povos Originários: ‘Somos um só povo’, afirmam indígenas em mesa redonda especial

Nesta segunda-feira, 22 de abril, o cacique do povo Borum Kren, chefe de Departamento de Escultura Indígena da prefeitura de Ouro Preto, ligado à Secretaria de Cultura e Turismo do município, e estudante de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Danilo Borum Kren participou do programa Conexões.

De Brasília, ele deu detalhes do 20º Acampamento Terra Livre, que vai até sexta, dia 26, na capital federal. A programação conta com debates, apresentação de relatórios, marchas à Praça dos Três Poderes e atividades políticas no Congresso Nacional, como sessão solene, audiências públicas e reuniões. Apresentações culturais e exposição de artesanato e arte indígena de todos os biomas brasileiros também estão previstos. A principal reivindicação é contra o Marco Temporal, com o tema “Nosso Marco é Ancestral: Sempre estivemos aqui”.

Acampamento Terra Livre 2024: Povos indígenas ocupam Brasília e pressionam contra o Marco Temporal

Nesta terça-feira, 7 de maio, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, conversou com a apresentadora Luiza Glória, no programa Conexões.

O convidado destacou que a primeira medida para combater eventos climáticos extremos é a aceitação de que não se tratam de fatos isolados, e sim eventos contínuos e relacionados. Como ele lembrou, o que ocorre agora no Rio Grande do Sul se deu há pouco tempo em Petrópolis (RJ) e na Bahia, por exemplo, assim como a seca na Amazônia tem sido frequente. Além disso, em várias cidades pelo mundo podemos apontar exemplos. Astrini também argumentou que é preciso se antecipar aos problemas, o que é mais efetivo e menos custoso do que lidar com os prejuízos do pós-tragédia.

O coordenador-executivo do OC também alertou que as queimadas na Amazônia tem se dado agora em áreas inexploradas, o que é mais um indicativo das alterações climáticas nesse bioma que é um regulador climático fundamental para o país. Ele comentou sobre a greve dos servidores do Ibama e do ICMBio, que compromete o combate aos crimes ambientais. Para o pesquisador, o governo federal precisa resolver essa situação o quanto antes, inclusive valorizando esses servidores que prestam um serviço tão importante. Ele chamou atenção para a responsabilidade dos parlamentares, que estão no ‘epicentro’ da crise ao desmontar a legislação ambiental. ‘Olhar para o futuro de maneira responsável’ é a primeira orientação de Astrini para mudarmos esse cenário.

‘Parlamentares estão no epicentro’ da crise climática, diz Marcio Astrini, do Observatório do Clima

Nesta sexta-feira, 9 de agosto de 2024, a mulher indígena da etnia Kambiwá, professora, socióloga, mestre em Estudos da Ocupação pela UFMG e Doutora Honoris Causa, Avelin Buniacá Kambiwá, conversou com a apresentadora Luiza Glória, no programa Conexões.

Ela destacou que o Dia Internacional dos Povos Indígenas deveria ser de comemoração, mas é inevitável partir para a reflexão, para trazer mais aliados para a causa indigena, que é de todos. A convidada ressaltou a ligação das tragédias climáticas com o desequilíbrio da relação humana com a Mãe Terra, o que traz cada vez mais consequências para as cidades e o campo. "Tudo isso vai impactar diretamente no futuro das nossas crianças e no nosso presente. A gente tem que começar a dizer: a nossa luta é a sua luta", afirmou.

A mestre pela UFMG analisou a situação dos ataques aos Guarani Kaiowá, na Terra Indígena Panambi - Lagoa Rica, no Mato Grosso do Sul, num conflito que já dura 25 dias, com 11 indígenas feridos. Para Avelin, é urgente que o governo federal interceda diretamente para acabar com essa situação para evitar derramamento de sangue, pois precisa ser respeitado o direito indigena à sua terra ancestral. Ela também avaliou a postura do STF ao buscar "conciliação" na questão do Marco Temporal. Ela defende que não há negociação quando direitos estão em jogo.

"Fogo no pantanal, seca na amazônia, mineração na serra do curral. A gente não pode mais fragmentar essas lutas". Avelin Buniacá Kambiwá fez um apelo ao pertencimento à Mãe Terra: "O pertencimento nos move, temos que pertencer. Deixo esse convite ao pertencer".

Dia Internacional dos Povos Indígenas: "A nossa luta é a sua luta", conclama Avelin Kambiwá

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