AR-PALAVRA
Letra: Lucas Luz | Música: Brenno di Napoli e Lucas Luz

Produção: Brenno di Napoli
Stephanie Soeiro: Voz
Brenno di Napoli: Baixo elétrico, escaleta, sintetizador, violão
Diih Neques: Ilú
Felipe Santos: Congas, xequerê
Lucas Luz: Bateria, bloco sonoro, clavinete
Rafa Rodrigues: Violão

Música feita para o álbum, partindo da milonga, tanto em ritmo quanto pela etimologia do termo, que tem origem no quimbundo e significa “palavra”. Disso, pensamos em um conceito de “milonga afrodiaspórica”, iniciando pelo baixo e pelo sample de música tradicional haitiana, somando aos poucos a bateria funkeada, o merengue, a clave de afrobeat, os violões. A “palavra” também norteia a letra, a partir da ideia de um nome de alguém que é assassinado e depois vira palavra de ordem em manifestações. Para completar, Stephanie deu um registro vocal quase que etéreo para a música.
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Quando eu subi, lá do alto eu vi
O meu corpo paralisado, sufocando no chão
Me assustei de mim quando eu percebi 
Minha morte, a minha extinção 

A casa não me viu mais
A filha não me viu mais
Apenas minha história,
distorcida nas redes sociais

Qual teu medo da cor?
Qual o teu rancor?

Goza com a minha cultura, 
mas é só fetiche e diversão

Quando eu sumi,só queria estar ali
Onde os cachorros não sujam os pés
e me fazem pedir perdão

Me despedi de mim quando eu explodi
Me tornei um sussurro
Uma voz fantasma no ouvido da multidão


Qual teu medo da cor?
Qual o teu rancor?

Goza com a minha cultura, 
mas é só fetiche e diversão

A casa não me viu mais
A filha não me viu mais
Me tornei um lençol pixado pra chamar atenção

03 - AR-PALAVRA

SALVE-SE QUEM SOUBER
Gelson Oliveira, Sérgio Rezende e Paul Castro

Produção: Brenno di Napoli
Stephanie Soeiro: Voz
Brenno di Napoli: Baixo sinth, piano, programação de bateria, trompete
Felipe Santos: Talking drum, pandeirola, xequerê, congas
Lucas Luz: MPC
Rafa Rodrigues: Guitarra
Part. especial: Edjana Deodoro - Voz

Pensando nos conceitos do álbum, em que contar “algumas mesmas histórias” sobre uma outra perspectiva é um dos fios condutores, e também pensando em homenagear nossos mestres em vida, Salve-se quem souber não poderia ficar de fora. Canção originalmente do repertório de Gelson Oliveira, sua letra segue atemporal, provocando importantes reflexões sobre o mundo contemporâneo, sobre ouvir e contar histórias, sobre ter tempo para escutar. Inicialmente, a ideia era a participação da Mestra Iara Deodoro declamando algo sobre isso, sobre a oralidade, sobre os cuidados e os afetos. Com sua partida, entendemos que a melhor forma de homenageá-la era estendendo o convite para sua filha, Edjana Deodoro.
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Você me pediu
Pra contar a minha história
Mas nunca teve tempo prá escutar
Mas hoje chegou o dia
E tudo que está preso na memória
Eu quero libertar
Deixar voar
Desabafar

Muito cedo já fui sacudido
Acordado pela vida
Abandonando os sonhos de menino
E via meu pai que sofria calado
Escondendo a ferida
Acreditando sempre no destino
Nas ruas os homens com jeito de rei
Meu coração se trancou
Sofri mas não chorei

Por isso agora eu posso te dizer
Dei muito soco em ponta de faca, irmão
Mas nunca quis viver só por viver

E sempre voei bem com os pés no chão
Correndo a cidade
De boca em boca
Correndo nas veias
daquele que sabe entender

Salve-se quem souber
Salve-se quem souber

Aos teus pés, Árvore-Mãe
Eu pude te ler com as mãos
Respirar teu tambor-oxigênio
Admirar as histórias contadas pelas folhas
para que eu sempre me mantivesse acordada 
Enquanto os homens do lado de lá,
Que nada sabiam de nós,
Insistiam em nossa erosão.

Gratidão, Árvore-Mãe
Por tuas raízes rasgarem as calçadas de todos os palcos, pistas e avenidas
Permanecendo em meus sonhos de liberdade indomável
Coreografando novos futuros, potentes frutos.

Enquanto eles, aqueles homens do lado de lá,
Olham nervosos
Reivindicando o preço do que pegaram a força, na marra
Desejando apagar a nossa força, nossa garra
Mas não sabem nem ao certo quem são

Nós sabemos, somos sementes da mesma raiz... a tua raiz
Forte, profunda, fértil, pulsante vida 
Conexão intensa com a imensidão
Legado parido, germinado, brotado e preservado
Gratidão, encantada Árvore-Mãe.

07 - SALVE-SE QUEM SOUBER

UMBU é uma plataforma de criação imagético-musical baseada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Organizada de forma coletiva, é composta por Stephanie Soeiro, Brenno di Napoli, Diih Neques Olákùndé, Felipe Santos, Guilherme Fernandes, Lucas Luz, Mário Ferrari e Rafa Rodrigues.

Seu primeiro conteúdo, o álbum homônimo lançado em junho de 2025 com recursos da Lei Complementar no 195/2022 - Lei Paulo Gustavo, apresenta 12 faixas com influências de musicalidades gaúchas como o batuque de nação, as tribos de carnaval, milonga, o maçambique de Osório, suingue, a música espiritual mbyá guarani, os ternos de reis e as duplas caipiras dos anos 1970; ritmos afrodiaspóricos latinos e caribenhos como a cumbia, merengue, dub e dancehall; o afrobeat nigeriano e o semba de Angola; e também ritmos brasileiros como o baião, congado, samba de roda, zambiapunga e maxixe.

Em uma linguagem moderna, sampler, MPC e sintetizadores dialogam com instrumentos de percussão como ilú, xequerê, patangome, caracaxá, casaca e talking drum, além de guitarra, baixo, cavaco, violão e viola caipira. E assim, suas canções apresentam uma poesia inspirada nos contadores de história, nos slams, em Eduardo Galeano, Paulo Leminski, entre outros, abordando assuntos como o racismo estrutural, Exu, a agressiva expansão imobiliária, o extermínio da juventude negra, as cansativas jornadas de trabalho e a decolonialidade.

O álbum UMBU é composto por 09 faixas autorais, versões de “Obrigado, igualmente” (Prateado & Belinho), “Salve-se quem souber” (Gelson Oliveira) e um tema instrumental em homenagem a Luis Vagner Guitarreiro, homenageado neste projeto. Participaram deste álbum Mateus Mapa, Rodrigo Siervo, Huberto Martins e Renato Ago (Funkalister), Filipe Narcizo e Edjane Deodoro, em uma homenagem a sua mãe, Mestra Iara Deodoro, falecida em setembro de 2024.

03 - AR-PALAVRA

UMBU

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