Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
Apresentação: Ir. Solange Silva, fsp.
Gravação: Home Office.  Trabalhos técnicos e plataformas digitais: Ir. Rosinha Megdessian, fsp.

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 02.08.2020

Isaías 55,1-3 
O banquete messiânico.

Contexto: 
Na conclusão do livro da Consolação o profeta retoma os temas iniciais: o anúncio do novo êxodo; a eficácia da Palavra de Deus; a iniciativa de Deus ultrapassa toda expectativa humana. Além disso, assume o estilo da pregação do Dt e da tradição sapiencial (Pr 1-9). Com efeito, nessa última exortação o profeta solicita seus ouvintes para que prestem atenção à abundância dos bens prometidos por Deus. No entanto o bem supremo é a Palavra porque ultrapassa todos os bens necessários que sustentam a vida humana: água, pão, vinho e leite.

Is 55,1: A exortação inicial segundo a tradição do Dt e o convite da Sabedoria se dirige aos exilados a participarem do banquete como afirma Pr 9,5: Vinde comer do meu pão e beber o vinho que misturei. Os exilados estão sedentos não somente de água, mas também de vida e de liberdade! Anteriormente o profeta Amós assinalou o mesmo desejo anunciando um tempo em que haveria “nem fome de pão nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de YHWH” (Am 8,11). É ela a fonte da vida que YHWH doa gratuitamente a todos os que se reconhecem carentes (Is 44,3; 55,10; Sl 143,6). A sequência dos verbos é muito significativa: todos que tendes sede: vinde às águas. Vós que não tendes dinheiro: vinde, comprai trigo e comei; comprai sem dinheiro, sem pagar vinho e leite. O significado dos termos é importante: vinho e leite são sinônimos de delícias (Ct 5,1); o vinho alegra o coração do homem, o pão fortalece o coração do homem (Sl 104.15); o leite era considerado um dos alimentos básicos e juntamente com o mel representa os produtos essenciais e abundantes da Terra Prometida (Ex 3,8; Dt 6,3; Jr 11,5). Além disso, vale lembrar Gn 49,8-12 onde a prosperidade da terra de Judá é descrita pela abundância de vinho e de leite. A dupla menção do dinheiro, considerado desnecessário, realça as promessas anteriores que são “impagáveis”: a libertação (52,3: sem paga fostes vendidos, sem dinheiro sereis resgatados); o retorno e a restauração de Jerusalém (45,13: reconstruirá a minha cidade e reconduzirá os meus exilados sem preço e sem indenização). O banquete que aguarda os exilados vai satisfazer plenamente todas as suas expectativas.

Is 55,2-3: Em seguida o profeta realça o contraste entre o alimento humano que pode ser comprado, mas não satisfaz e o alimento divino que não tem preço, mas restaura definitivamente as forças. Por isso o profeta afirma com insistência que o pão que sacia é a Palavra de YHWH (repete 3 vezes o verbo ouvir), trata-se de comer o que é bom, deliciar-se com manjares suculentos, ter vida em plenitude. YHWH confirma suas promessas estabelecendo uma aliança eterna que nada e ninguém poderão romper.

ANO A - 18º - O banquete messiânico - parte1 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
Apresentação: Ir. Solange Silva, fsp.
Gravação: Home Office.  Trabalhos técnicos e plataformas digitais: Ir. Rosinha Megdessian, fsp.

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 02.08.2020

Mateus 14,13-21 
A 1ª multiplicação dos pães.

Contexto: 
A catequese de Mt mostra o contraste entre o banquete no palácio de Herodes que leva à morte o mensageiro da Palavra, e o banquete de Jesus no deserto que mediante a palavra e o pão alimenta e sacia a vida das multidões. O episódio se desenvolve em 3 momentos: primeiro: a atividade misericordiosa de Jesus; segundo: a dimensão litúrgica/eucarística; terceiro: a figura e a missão dos discípulos.

14,13-14: A informação da morte e sepultamento de João Batista leva Jesus a procurar um lugar deserto e afastado (lugar de solidão e de morte), mas as multidões o seguem a pé (caminhada do êxodo). A sua atividade messiânica é resumida por 3 verbos: viu uma grande multidão; tomado de compaixão, curou os seus doentes (lembra o pano de fundo de Ex 3,7: Eu vi a miséria do meu povo...).

14,15-18: Os discípulos se aproximam de Jesus pedindo que afaste as multidões por 2 motivos: o lugar é deserto e o dia está findando; comprar comida nos povoados vizinhos.

Jesus mostra um alimento que não pode ser comprado (Is 55,1), mas deve ser doado, por isso dá uma ordem bem clara: dai vós mesmos de comer.  Os discípulos reconhecem a própria carência: 5 pães e 2 peixes são suficientes só para eles, mas não para todos. É preciso mudar de perspectiva: na lógica do dom entregar a própria carência nas mãos de Jesus, faz com que ele a transforma  em abundância.

14,19-21: Jesus manda que todos se acomodem na grama para dar início ao banquete: o do êxodo foi feito às pressas, este é feito na calma de forma agradável e familiar. Com efeito, a dimensão litúrgica realiza a passagem da carência para a abundância como na última ceia (26,26), e ainda é possível recolher 12 cestos. É preciso notar que são os discípulos que devem distribuir os pães à multidão: devem levar adiante a mesma missão de Jesus. O 5 mil lembram At 4,4 o número constitutivo da comunidade primitiva; só Mt acrescenta “mulheres e crianças” para realçar a familiaridade do evento.

ANO A - 18º - Multiplicação dos pães - parte2 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
Apresentação: Ir. Solange Silva, fsp.
Gravação: Home Office.  Trabalhos técnicos e plataformas digitais: Ir. Rosinha Megdessian, fsp.

19º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 09.08.2020

1Reis 19,9a.11-13
Deus se manifesta a Elias no monte Horeb

Contexto: 
Elias, o profeta de YHWH, perseguido pela rainha Jezabel, por causa de sua luta contra os profetas de Baal, foge para o deserto e a sua fuga se torna uma espécie de peregrinação refazendo em sentido contrário o caminho da experiência do êxodo. Dessa forma ele volta às origens: no Sinai/Horeb os filhos de Israel foram constituídos como “povo de Deus” mediante a Aliança. A experiência de Elias é extraordinária: de um lado foge da perseguição da rainha; do outro lado sente uma atração formidável pela força de Deus. Foge da perseguição para salvar a sua vida, e de repente quando se sente seguro no deserto, cansado pela luta e pela viagem deseja a morte: deita e dorme debaixo de um junípero. Um mensageiro misterioso o acorda e lhe oferece pão e água para a viagem, e então caminha por 40 dias e 40 noites até chegar ao Horeb, a montanha de Deus.

A cena no Horeb mostra Elias entrando numa gruta onde passar a noite (v. 9). Elias deve colocar-se diante de YHWH que se manifesta de uma forma totalmente nova. A cena lembra o episódio de Moisés em Ex 33,18-23 onde YHWH passa diante dele, mas não pode ser visto senão pelas costas. Para Elias se trata de um momento importante porque percebe que YHWH não se manifesta mais através dos elementos tradicionais barulhentos e estrondosos como no tempo de Moisés (Ex 19,16-19) – tempestade + terremoto + fogo – mas através da “voz de um silêncio leve” – o ruído de uma brisa leve (v.12). Diante dessa manifestação inesperada e surpreendente Elias cobre o rosto com o manto, sai da gruta e se coloca diante de YHWH pronto para receber novas orientações e seguir adiante no cumprimento de sua missão.

ANO A - 19º - Deus se manifesta a Elias no monte Horeb - parte1 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
Apresentação: Ir. Solange Silva, fsp.
Gravação: Home Office.  Trabalhos técnicos e plataformas digitais: Ir. Rosinha Megdessian, fsp.

19º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 09.08.2020

Mateus 14,22-33
Jesus (ressuscitado) se manifesta caminhando sobre as águas.

Contexto: 
Vale lembrar que Mt sempre tem como pano de fundo a experiência do êxodo e como toda tradição evangélica, depois da multiplicação dos pães apresenta o caminho de Jesus sobre as águas. O significado é muito simples e compreensível: o Senhor que deu alimento ao seu povo no deserto, é o mesmo Senhor que o tinha feito sair do Egito passando pelas águas (Cf. Sl 107,25-30: o poder de Deus sobre as águas), ora, Mt atribui o mesmo poder de Deus sobre as águas ao Senhor ressuscitado.

Mt 14,22-24: Jesus se separa dos discípulos: forçou os discípulos a embarcar porque não queriam mais ir embora. Antes os discípulos pediram que Jesus despedisse as multidões (sem pão) (14,15), agora, depois do êxito da multiplicação querem ficar com elas (afinal foram eles que distribuíram o pão). Jesus atua de maneira oposta: antes dá o pão, depois despede as multidões para que se sustentem ao longo do caminho. Após a despedida das multidões Jesus sobe ao monte para orar a sós (contato com o Pai, ponto de partida de sua manifestação) e lá permanece até á tarde. Entretanto o barco dos discípulos enfrenta uma forte tempestade mar adentro.

Mt 14,25-27: Entre as 3 e as 6 horas da manhã (quando a escuridão da noite é mais intensa) Jesus vai ao encontro deles caminhando sobre o mar (Jó 9,8: Deus caminha sobre o dorso do mar: tem poder sobre as forças do mal). Os discípulos ficam assustados pensando ver um fantasma (Lc 24,37: aparição pascal) gritam de medo. Imediatamente Jesus se identifica: tende confiança, sou eu, não tenhais medo. A expressão central Sou Eu lembra a revelação do nome divino a Moisés: Ex 3,14.

Mt 14,28-32: Pedro pede um sinal para ter certeza de que seja realmente o Senhor (praticamente  ele antecipa a dúvida dos discípulos diante do ressuscitado), e Jesus aceita. Mt assinala que quando Pedro confia no Senhor consegue andar como ele sobre as águas, quando porém tem medo e duvida, afunda e começa a gritar: Senhor salva-me!   Jesus imediatamente estende a mão o segura, mas ao mesmo tempo o questiona mediante uma pergunta muito significativa: Homem fraco na fé, por que duvidaste? (Mt 28.17). O Senhor não somente exerce sua soberania sobre as forças do mal (representadas pelas ondas do mar agitado), mas está sempre disponível em socorrer a fragilidade da fé de Pedro e dos discípulos.

Mt 14,33: Os que estão no barco (a Igreja) confessam sua fé mediante uma atitude litúrgica que se exprime em gestos (se prostram em adoração) e palavras (Verdadeiramente tu és o Filho de Deus; cf. a confissão de fé de Pedro em 16,16 e do centurião romano e dos guardas depois da morte de Jesus em 27,54).

ANO A - 19º - Jesus se manifesta caminhando sobre as águas - parte2 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
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20º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 16.08.2020

Apocalípse 11,19a; 12,1.3-6a.10ab
A mulher/povo de Deus e o dragão/poder do mal.

Contexto: 
Confiando na proteção de Deus o povo perseguido encontra força e coragem para continuar na luta e na resistência para não desanimar diante dos ataques do poder do mal. O texto deve ser lido com calma e muita atenção porque apresenta uma linguagem repleta de símbolos.
 
Ap 11,19a: no céu se abre o templo de Deus e aparece a arca da aliança: é uma liturgia que está acontecendo no céu que celebra a realeza de Jesus Cristo (11,5); em Jerusalém havia o templo de Salomão dentro do qual era guardada a arca da Aliança (sinal de comunhão entre Deus e o povo) (1Rs 8,1-6) que por sua vez remete à Aliança de Moisés no monte Sinai (tempestade: relâmpagos, trovões, terremoto).

Ap 12,1-2: no céu aparece um grande sinal: uma mulher vestida de sol, a lua sob os pés e na cabeça uma coroa de 12 estrelas. Está grávida e grita de dor no momento do parto.

A mulher representa o povo de Deus; é celeste porque está revestida dos “astros do céu” que determinam o ritmo da história: dia e noite; as 12 estrelas lembram as 12 tribos de Israel; reflete a luz do Senhor (Sl 104,1-2: YHWH vestido de esplendor e majestade, envolto em luz como num manto); está grávida das expectativas messiânicas e está sofrendo as dores do parto (Os 13,13): ela é portadora de vida.

Ap 12,3-4: Aparece outro sinal no céu: um enorme dragão vermelho (cor da guerra: 6,3) com 7 cabeças, 10 chifres (poder) e 7 diademas nas cabeças. É o antagonista da mulher, é identificado com o império agressor: o Egito, Babilônia (Jr 51,34), Roma que encarna na história o poder violento divinizado (do céu precipita para a terra) que persegue o povo de Deus/igreja. Mais adiante (12,9) é identificado com a antiga serpente de Gn 3,15.

Ap 12,5-6a: Ela deu à luz um filho homem, a sua missão é a do messias guerreiro (Sl 2,9; Is 66,7-9) o filho é arrebatado ao céu para Deus e para o seu trono (o nascimento coincide com a ascensão/ressurreição para exercer a realeza); a mulher foge para o deserto (Israel no êxodo; Sl 55,7-9); Deus intervém em favor da mulher/povo de Deus para defender a vida contra o poder da morte do dragão/faraó. A comunidade de Israel/igreja é a mãe do messias (Is 66,7): vencedor na luta contra o mal que tentou devorá-lo, mas Deus o arrebatou. O início do hino de vitória de Ap 12,10 celebra o poder e a realeza de Deus.

Nota: a aplicação desse texto a Maria foi feita por Santo Agostinho (354-430) e São Bernardo (1090-1153), embora seja estranha para o autor do Ap que tem como referência o pano de fundo do êxodo. É possível uma aplicação à Maria dentro do plano geral da história da salvação como faz o Vat II na LG.

ANO A - 20º - A mulher - povo de Deus e o dragão - poder do mal - parte1 - Pe. Sérgio Bradanini

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20º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 16.08.2020

Lucas 1,39-56 
A visitação e o canto do Magnificat.

Contexto: 
Após ter recebido o anúncio de sua missão pelo Anjo, Maria aceita ser a “serva do Senhor” e entra logo em ação e se coloca totalmente a serviço de Isabel.

Maria serve. Ela se dirige apressadamente à casa de Zacarias e Isabel (grávida de 6 meses). O encontro entre as 2 mulheres é significativo: Isabel está grávida de um menino que representa a longa expectativa das promessas messiânicas; Maria está grávida de um menino que representa o cumprimento dessas promessas de salvação. O clima do encontro se caracteriza pela exultação messiânica do futuro profeta que anunciará o Salvador. Isabel proclama uma dupla bem-aventurança: a bem-aventurança da maternidade de Maria chamando-a de mãe do meu Senhor, e a bem-aventurança da fé: feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor, será cumprido.

Maria crê. Com a 2ª bem-aventurança, Lc quer apresentar Maria como modelo de todos os discípulos que deve escutar – servir – crer, de fato mais adiante uma mulher do meio do povo dirigindo-se a Jesus pronuncia outra bem-aventurança: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram! Ele, porém, respondeu: Felizes antes os que ouvem a palavra de Deus e a observam”.(11,27-28). No entanto é pelo dinamismo do Espírito que acontece a relação entre promessa e cumprimento, com efeito, a proclamação de Isabel terá uma repercussão universal: “Doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (v. 48).

Maria canta. O cântico de Maria tem como base o de Ana (1Sm 2,1-10) e outros textos bíblicos, para realçar, sob forma de ação de graças as maravilhas de Deus na História, não só em favor dela, mas em favor de Abraão e de sua descendência para sempre (v. 55). O tema da salvação universal ocupa um lugar central (notem-se os 7 verbos que a descrevem) pois a sua misericórdia perdura para sempre (v. 50).

ANO A - 20º - A visitação e o canto magnífica - parte2 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
Apresentação: Ir. Solange Silva, fsp.
Gravação: Home Office.  Trabalhos técnicos e plataformas digitais: Ir. Rosinha Megdessian, fsp.

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 23.08.2020

Isaías 22,19-23
A chave da casa de Davi.

Contexto: 
Trata-se de um episódio acontecido durante o reinado de Ezequias que se refere a uma troca de funcionário por causa da má administração do palácio do rei.

Sobna intendente do palácio do rei Ezequias foi substituído por Eliacim, filho de Elcias. O motivo que provocou a substituição provavelmente foi a arrogância e o abuso do poder do funcionário. Este episódio serviu de pano de fundo para o autor de Ap 3,7 aplicar a mesma função em sentido messiânico a Jesus e ao apóstolo Pedro que em Mt 16,19 recebe de Jesus a função de exercer na igreja plenos poderes.

O fato de entregar a chave da casa de Davi, o palácio do rei, significa entregar a um funcionário toda a administração e a possibilidade de selecionar as pessoas admitidas ou não à presença do Rei. É um serviço de extrema confiança e deve ser exercido com dedicação e sabedoria sem buscar vantagens ou interesses pessoais, pois está em jogo a segurança do rei e dos seus ministros. Um intendente que abusa do poder que lhe foi entregue evidentemente prejudica a segurança do palácio, portanto deve ser substituído. 

Is 22,21: O oráculo de Is mostra que o próprio YHWH chama o substituto Eliacim de “meu servo” destacando as insígnias quer tal cargo comporta: túnica e cinto; função do governo (o poder nas mãos) e a exigência fundamental: ter a solicitude de um pai para todos os habitantes de Jerusalém e do palácio do rei (casa de Judá).

Is 22,22-23: A chave da casa de Davi, sinal do poder, indica que pode exercer indiscutivelmente a sua função com autoridade total, e, além disso, deve ser uma referência sólida e inabalável (estaca cravada em lugar firme), de modo que participando diretamente do governo do rei (trono de glória) tem como consequência honra e glória para a sua família (casa de seu pai).

ANO A - 21º - A chave da casa de Davi - parte1 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
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21º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 23.08.2020

Mateus 16,13-20
Pedro recebe de Jesus as chaves do Reino dos céus.

Contexto: 
O texto apresenta um diálogo entre Jesus e seus discípulos em duas etapas: na 1ª (vv.13-16) Jesus dirige aos discípulos duas perguntas a respeito de sua identidade, e Pedro em nome de todos dá a sua resposta;  na 2ª (vv.17-20) Jesus proclama Pedro “feliz” porque acolheu a revelação e por isso lhe entrega a função de ser pedra para a igreja, juntamente com o poder das “chaves do Reino”.

A mensagem central consiste em reconhecer Jesus como “Cristo Filho do Deus vivo” que é o centro da fé dos discípulos/igreja. A função de Pedro consiste em ser aquela “pedra” sobre a qual se edifica a comunidade que professa essa mesma fé.

1ª cena: 16,13-16: Na 1ª parte do evangelho muitas pessoas, inclusive os discípulos, se questionavam a respeito da identidade de Jesus. Agora a posição se inverte, é Jesus que questiona diretamente os discípulos. Entre as respostas possíveis há uma resposta que não revela nada de novo e não faz outra coisa senão refletir e repetir o pensamento comum: alguns dizem: João Batista; outros: Elias; outros: Jeremias ou um dos profetas. Todas estas são figuras importantes do passado que incomodaram seus contemporâneos e foram perseguidas. Todas elas têm algo em comum: pertencem ao passado e não incomodam mais ninguém. Isso mostra que na opinião comum ninguém reconhece em Jesus aquele que cumpre as promessas do passado. A pergunta dirigida aos discípulos (vós quem dizeis que eu sou) exige uma resposta pessoal. Então Pedro exprime a fé da comunidade: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Jesus não é uma figura do passado, mas é o Filho de Deus presente e atuante na história.

2ª cena: 16,17-20: Por causa deste reconhecimento Jesus constitui Pedro como rocha da igreja (cf. 7,24: a casa construída sobre a rocha). Vale lembrar que no AT YHWH é “a rocha” de Israel, sinal de estabilidade (Sl 18,3.22; 31,4; 61.4;144.1) de fidelidade (Dt 32,4; Sl 92,16; Is 17,10); no NT Jesus é a “Rocha” de Israel a caminho do Reino (1Cor 10,4). O poder da morte se despedaça contra o “Deus vivo” e aqueles que pertencem à sua casa. As chaves abrem ou fecham as portas do Reino alicerçado sobre a fidelidade de Deus, que por sua vez é garantia da fé de Pedro e da comunidade dos discípulos. A ordem de Jesus de não falarem a ninguém de sua identidade quer indicar que é necessário percorrer o caminho do seguimento e da paixão (logo em seguida há o 1º anúncio) só em seguida, na morte-ressurreição será revelada plenamente a sua identidade.

ANO A - 21º - Pedro recebe de Jesus as chaves do reino - parte2 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
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22º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 30.08.2020

Jeremias 20,7-9
Sofrimento e fidelidade

Contexto: 
Jr é o caso típico dos profetas que sofrem perseguição por causa de sua missão. Embora sendo homem pacífico, ele enfrenta em sua atividade profética injustiças e abusos de poder da parte das autoridades; sofre violência, rejeição e escárnio. Tudo isso é fonte de desprezo, de zombaria e de insultos da parte  dos outros e sente-se abandonado por Deus experimentando uma solidão radical. A paixão pela Palavra de Deus que o envolveu profundamente e que “era a alegria do coração” (15,16) na situação atual se tornou desilusão e amargura. Com uma linguagem muito dura desabafa seus dissabores diante de YHWH pedindo socorro. O texto de Jr 20,7-18 é a última de suas “confissões” (11.18-12,6; 15,10-21; 17,14-18; 18,18-23; 20,7-18) em que mostra todo o seu desconforto para permanecer fiel à sua missão profética.

Jr 20,7: Jr sente a força dominadora, fascinante e irresistível (sedução) das promessas de YHWH, mas tudo isso é fonte de escárnio e zombaria: a sua missão é um fracasso, a sua vocação é um engano, o resultado é um desastre, é sofrimento, amargura e desolação.

Jr 20,8: No desempenho de sua missão profética deve gritar continuamente “Violência e opressão” e isso lhe causa diariamente irrisão e desilusão, sente-se abandonado, frágil, sem apoio e sem defesa. Se o profeta desabafa todo o seu sofrimento diante de YHWH é porque espera dele ajuda e proteção como prometera desde o começo: “Não tenhas medo diante deles porque eu estou contigo para te salvar” (Jr 1,8).

Jr 20,9: No entanto o ele sente a tentação de desistir esquecendo os zombadores e não falando mais em nome de YHWH, mas não adianta: apesar de se sentir exausto, sem forças, chegando ao limite de toda suportação, o profeta deve confessar que a Palavra está enraizada em seu coração como “fogo abrasador” cuja força poderosa e irresistível o obriga a ser fiel à sua missão. A fidelidade à Palavra de YHWH exige o “preço altíssimo” da dedicação total da própria vida!

ANO A - 22º - Sofrimento e fidelidade - parte1 - Pe. Sérgio Bradanini

Reflexões sobre as leituras da liturgia do domingo com o Padre Sérgio Bradanini.
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22º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 30.08.2020

Mateus 16,21-27 
O caminho da Paixão e as condições para seguir a Jesus.

Contexto:
Começa uma nova etapa que marca uma mudança decisiva: termina a missão na Galiléia e inicia a viagem para Jerusalém. Jesus deixa as multidões para se dedicar à formação de seus discípulos. Com efeito, depois da profissão de fé em Jesus como “Cristo, o Filho do Deus vivo” (16,16), Mt apresenta o caminho do messias “Servo sofredor”. A estrutura do texto é muito simples: (1) v. 21: identidade de Jesus – Crucificado/Ressuscitado; (2) vv. 22-23: Reação de Pedro e resposta de Jesus; (3) vv. 24-26: identidade dos discípulos – devem ser reflexo da missão do Mestre; (4) v. 27: a vinda do Filho do Homem em sua glória determina o resultado final.

Mt 16,21: 1º Anúncio da paixão: Jesus não morre, é morto assassinado pelos homens e ressuscitado por Deus. Mt indica os responsáveis pela morte de Jesus: anciãos – sacerdotes - escribas são os poderosos membros do supremo tribunal judaico, e o êxito final: a ressurreição. Trata-se do caminho do servo sofredor que também os discípulos devem aprender a percorrer,

Mt 16,22-23: Pedro ainda empolgado pela perspectiva da glória, não aceita o caminho da paixão, mas Jesus o obriga a ocupar o lugar de discípulo: “Vá atrás de mim Satanás!” (contraste com 16,17: “Feliz és tu Simão). A pedra sobre a qual está edificada a igreja se torna pedra de tropeço –  (Is 55,8: os caminhos de Deus) que impede ao messias o cumprimento do projeto de Deus.

Mt 24-26: Apelo á liberdade e 3 elementos constitutivos do discípulo: passar do egoísmo à gratuidade; carregar a cruz lutando contra o mal; seguir a Jesus percorrendo o mesmo caminho. A vida não é objeto de conquista ou de posse, nem é produto do mercado, é um dom valiosíssimo que não tem preço e como tal deve ser vivido para alcançar a salvação.

Mt 16,27: A salvação definitiva depende do estilo de vida assumido em plena liberdade desde já.

ANO A - 22º - O caminho da Paixão e as condições para seguir a Jesus - parte2 - Pe. Sérgio Bradanini

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ANO A - 21º - Pedro recebe de Jesus as chaves do reino - parte2 - Pe. Sérgio Bradanini

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