"FATO da TAMANCALHA ao SAMPLER", CD que integra o box com DVD, comemorativo dos 18 anos de trajetória do grupo, lançado em 2012.
Independente, realizado via financiamento colaborativo.
Produção Musical de Ulisses Galetto ( https://www.facebook.com/uligaletto )

FATO da TAMANCALHA ao SAMPLER

Composição de Ulisses Galetto, arranjo do Grupo FATO.
Voz: Daniel Fagundes.

           Letra/Lyrics

VAGABUNDO II / VAGABUND II

Acordei antes do sol 
e liguei pro vagabundo 
meio tonto, meio tudo 
meio-a-meio por inteiro 
disse a ele o que devia 
o que queria, o que me havia
o que passava na cabeça 
deste preto do avesso 
Eu era a ginga total 
era a mulata fatal 
eu era o homem sem o queixo 
era o lindo Pão de Açúcar 
era os Arcos da Lapa 
e as escolas suntuosas 
explodindo a avenida de alegria 
Num dia lindo e cinzento 
usava a minha capa bacana 
em sua Copacabana 
e num dia claro de sol 
vestia a sunga colorida 
num dos parques da Curita aflita 
Eu era o avesso do mar 
era um deserto cheio de vida 
onde havia o mundo inteiro 
mas também muito espaço 
pra quem o mundo nem sabia que existia 
Eu era um poço, um desgosto 
mas de qualquer maneira eu não tinha fundo 
Apenas, eu queria que o querer do vagabundo 
se juntasse ao meu 
Pra que tudo o que sonhamos fosse um dia 
o dia-a-dia de todo mundo 
E desse sonho total eu tava quase acordando 
mas ainda tinha muito 
o que dizer pro vagabundo 
A vida é quase real 
e o que seria ou não seria 
se não fossem nossos sonhos, 
nossos medos, nossas dores? 
Mas o tempo não para 
a estrada não fecha 
a longa caminhada não termina no meu sonho 
Eu era apenas um homem 
um louco, quase pouco, um viajante 
carregando muito peso nos ombros 
- - - - - - - - - - - - - - - - 
I rose before the sun 
and phoned the vagabund 
half crazed, half of everything 
wholly half and half 
I told him what i had to 
what i wanted to, what had 
gone through the head 
of this white nigga 
I was all jive 
I was the mulatta femme fatale 
I was the man without a chin 
I was the splendid Pão de Açúcar (sugar loaf) 
I was the Lapa Arches 
and the sumptuous samba schools 
exploding the avenue with joy 
On a beautiful grey day 
I wore my classy mac 
on your Copacabana
and on a clear sunny day 
I dressed in my colored trunks 
to a park in gloomy “Curitiba”
 I was the reverse of the sea 
I was a desert full of life 
which held the whole world 
but also lots of space 
for whom the world didn’t even know he existed 
I was a well, a drain 
But in any case I was bottomless 
I just wanted the bum’s longing 
to join mine 
So that everything we dream 
would be everyone’s day to day one day 
And from the entire dream I was almost waking 
but still had lots 
to tell the bum 
Life is almost real 
And what would it be or not be 
if not for our dreams, 
our fears, our grief? 
But time doesn’t stop 
The road doesn’t end 
The long journey 
doesn’t end in my dream 
I was only a man 
A looney, almost nearly, a traveler 
carrying a heavy load on his shoulders

Vagabundo II

Vagabundo II (Ao Vivo)

Composição de Mauricio Pereira, arranjo do Grupo FATO.
Voz: Sérgio Monteiro Freire.

                Letra/Lyrics

BALANGANDANS / TRINKETS

É justo para se lamentar,

a gente abrir mão de segundos preciosos

que talvez nos trouxessem direto

um pro outro

É justo que um pote de ouro

venha ao seu encontro (e ao meu)

e desencadeie pânico, paralisação, desastres, desculpas?

É justo te dar um beijo na boca

à margem da testa, da fala e da escrita,

de uma represa, uma festa?

É justo permitir que uma palavra desgovernada deixe minha boca

e aumente minha resistência a você?

Se uma pessoa só é uma maquina só

se ela (provavelmente)

canta, dança, pensa, treme aflita

Não sera que tem respostas

nas pontas dos dedos

dados, balangandans no pensamento

que costumem nos acompanhar?

Is it just to complain,

we give up precious seconds

which could have led us

to each other

Is it just that a pot of gold

has come to meet you (and me)

and has unleashed panic, paralysis, disasters, excuses?

Is it just to give you a kiss on the mouth

on the edge of the brow, of writing

and of talking, of holding back, some party?

Is it just to allow an unbridled word

to escape my lips

and increase my resistance to you?

If a single person is only a machine

if she (probably)

sings, dances, thinks, trembles distressed

Shouldn’t there be answers

at our finger tips

tricks, trinkets in the thoughts

which follow us?

Balangandans

Balangandans (Ao Vivo)

Composição de Daniel Fagundes (música) e Amarildo Anzolin (poema); arranjo do Grupo FATO. Voz: Daniel Fagundes.

                               Letra/Lyrics

 A CASA DO AR / THE HOUSE OF AIR

se afogar com o ar

falar de boca cheia

cantar debaixo d´água

fazer chover

lapidar

se ajoelhou tem que rezar

se afastar com o mar

se achegar com o lar

abrir nossa cadeia

brilhar a nossa estrela

olhar para dentro de si

sonhar para fora de nós

saber parar

escrever

poder voltar

esquecer

se prometeu tem que cumprir

se já mudou tem que zerar

a casa da palavra é o ar

que mudo espera

a asa do palato é o sal

que tudo tempera

a casa da palavra é o ar

que mudo espera

a asa do palato é o sal

que tudo tempera


drown in air

talk with a full mouth

sing under water

make it rain

stone

when on your knees, pray

drift away with the sea

get closer to home

break our chains

shine our star

look inside us

dream outside us

know how to stop

write

manage to turn back

forget

if you promise keep your word

if you’ve changed reset your mind

the house of the word is the air

waiting mute

the wing of the palate is the salt

which seasons all

the house of the word is the air

waiting mute

the wing of the palate is the salt

which seasons all

A Casa do Ar

A Casa do Ar (Ao Vivo)

Música: Grace Torres
Letra: Ricardo Carvalho e Ulisses Galetto

                                      Letra/Lyrics

                                     LADO DOIS / SIDE 2

Jogo de risco
faca afiada diz:
só meço um homem
no metro da cicatriz

Jogo de cena, cinema, mundo, ilusão
breve miragem que brilha, que cega, que...

Jogo da fala, silêncio é o que sabe mais
novo sentido o traço do verso traz...

Jogo da vida
fim da jornada, foz
viagem que valha
é contra a corrente
e só!

Risky performance 
sharp knife says: - I only measure a man 
by the length of his scar 
Stage performance 
cinema world illusion 
Brief mirage 
which shines, which blinds, which... 
Speaking performance 
it’s the silence that knows best 
New meaning 
borne of the features of the verse 
Life Performance 
end of journey, Harbor! 
The only voyage worth it 
is against the current, that’s it!

Lado 2

Lado Dois (Ao Vivo)

Composição de Antonio Saraiva e Sergio Natureza, numa versão do Grupo FATO usando a tamancalha (instrumento inventado por Ze Loureiro Neto e que usa tamancos de fandango paranaense batendo sobre uma caixa de madeira)

                               Letra/Lyrics

              CARICAS III / CARIOCA SATIRES III

Restinga da Marambaia
urubus na sapucaia
um morcego de atalaia
jandaia desarvorou
é permitida a gandaia
cada um com a sua laia
a manhã fugiu da raia
por que a tarde não tardou
o michê de mini-saia
despachado em plena praia
quando o sol césardesmaia
no Pontal do Arpoador
vem a noite de tocaia
o céu cor de bala toffee
o bofe comendo um misto
dentro da sauna à vapor
e lá do alto, benquisto
brilha o Cristo Redentor
perdoando os prejuízos
causados pelo calor
ah! Rio quem te inventou?

- - - - - - - - - - - - - - - - - -
Restinga da Marambaia
Black vultures on the Sapucaia
A night owl in Atalaia
Uprooted crazed Jandaia
join the saturnalia
but stick to your own kind
the morning fled away
for noon sped on its way
the mini-skirted queen
is let loose on the playa
the sun of Cesar Maia
fades over Arpoador Point
the night comes to ambush
the coffee-colored sky
a guy has a mulatto for lunch
in the steam room
and there, from above, beloved,
shines Christ the Redeemer
forgiving the ravages
inflicted by the heat.
ah! Rio, who could invent you?

Caricas III

Caricas III (Ao Vivo)

Letra/Lyrics

BAÍA-RIO / BAY- BAHIA - RIO

Sul da Bahia

falésias púrpuras

beat beat

todas as contas no pescoço

todas as cores na garganta

corpo fechado

olhos vivos

dança d’água

Rio: prédios

South of Bahia

purple cliffs

beat beat

all the beads around their necks

all the colors from their throats

closed body

bright eyes

water dance

Rio: buildings

Fato - Da Tamancalha Ao Sampler (Ao Vivo)

Baía-Rio

Baía-Rio (Ao Vivo)

Letra/Lyrics

                            NA LINHA DO TEMPO / ON THE LINE OF TIME

Daqui da rua olho a Serra do Mar t
antas montanhas na linha do tempo 
Capivari, Marumbi, Paraná 
já no Anhangava os primeiros segredos 
Meu irmão, meu pai, eu 
bem cedo no frio da manhã 
nos caminhos, na cerração 
buscando no fundo das grotas 
as fontes de águas mais sãs 
Quantas vezes mergulhei meu cantil? 
Quantas vezes me meti nesses teus rios? 
Sem o corpo, sem a alma lavar 
Quem pudera num só dia chegar lá no topo? 
Daqui da rua olho a Serra do Mar t
antas montanhas na linha do tempo 
Capivari, Marumbi, Paraná 
já no Anhangava os primeiros segredos 
Meu irmão, meu pai, eu 
no meio da brenha feroz 
abrindo picadas mil 
sim, atalhos que ainda ninguém seguiu 
Tanta lama pisei, tanta raiz ruim 
atrás daquela pedra outra pedra pra subir 
No fim que vastidão sem fim se revelou 
Daqui da rua me ponho a chorar 
tantas montanhas na linha do tempo 
Onde o rapaz que sabia sonhar? 
Longe, tão longe na linha do tempo 
Daqui da rua olho a Serra do Mar
 tantas montanhas na linha do tempo 
Capivari, Marumbi, Paraná 
já no Anhangava os primeiros segredos 

From here in the street i gaze at the Serra do Mar 
so many mountains on the line of time 
Capivari, Marumbi, Paraná 
right from the Anhangava, the first secrets 
My brother, my father and I 
in the cold morning, at the crack of dawn 
on the trails, in the fog 
searching the bottom of caves 
for purer water springs 
How many times did i dip my gourd? 
How many times did i put myself in your rivers? 
Without washing the body, the soul 
Who in a day could be able to reach 
the heights over there? 
From here in the street i gaze at the serra do mar 
so many mountains on the line of time 
Capivari, Marumbi, Paraná 
right from the Anhangava, the first secrets 
My brother, my father and I 
in the thick of the wild underbrush 
opening a thousand paths 
yes, shortcuts no one had ever taken 
in so much mud did i tread, o many beastly roots 
behind that rock another rock to climb 
In the end 
what endless vastness revealed 
From here in the street i start weeping 
so many mountains on the line of time 
Where is the boy who knew how to dream? 
Far, so far, on the line of time 
From here in the street i gaze at the serra do mar s
o many mountains on the line of time 
Capivari, Marumbi, Paraná 
right from the Anhangava, the first secrets

Na Linha do Tempo

Na Linha Do Tempo (Ao Vivo)

Letra/Lyrics

                                          ELES / THEM

Pessoando a vida 
de fora adentro em Rosa 
em prosa e verso 
a língua é mãe de nossa paixão
Mallarmeando tudo 
enquanto ainda tem mundo 
ou sobe ou vai pro fundo 
ou “Benza Deus, amém!” 
Kolody a dia 
hai kai a noite 
lua nossa guia 
poesia viva que te quero ter 
Até que a raça antene 
o olho mire longe 
a gente pule o muro 
e vá pra mais além 
Na palavra bem dita 
a menina dos olhos da menina 
imita a guia do luar 
na beleza da rima um poeta maior 
Rainer Maria 
Rainer Maria ri 
Rainer Maria riu 
Rainer Maria Rilke ri 
Tempo tarde 
um poema é um eco da vida 
que constrói a alma 
e que nos faz sentir 
o segredo das mãos 
que traduzem o homem 
Reviravolta! 
Fidalgo pode ver: 
Leminski à vista está 
e Luiz Heleno é o elo! 
Pessoa-ing life 
from outside to inside in Rosa 
in prose and verse 
language is the mother of passion 
Mallarme-ing the world 
as long as it goes on 
either soaring or plunging 
or “God Bless, amen!” 
Kolody by day 
hai kai by night 
the moon our guide 
live poetry i want you to have 
Until the race antennas 
the eye gazes far 
we leap the wall and go beyond 
In the blessed word 
the sunshine of the girl’s life 
mimics the guide of the moonlight
in the beauty of the rhyme, a great poet 
Rainer Maria 
Rainer Maria runs 
Rainer Maria ran 
Rainer Maria Rilke runs 
Time stalls 
a poem is an echo of life 
which builds the soul 
and makes us feel 
the secret of those hands 
which translate man 
Turnabout ! 
Fidalgo can see: 
Leminski can be seen 
and Luiz Heleno binds them!

Eles

Eles (Ao Vivo)

Letra/Lyrics

                                            EPÍLOGO / EPILOG

aos que se foram 
aos que me deram 
aos que acolheram 
aos que esconderam 
aos que me amaram 
aos que odiaram 
aos que me ouviram 
aos que calaram 
nenhuma lágrima 
nem só palavras 
nem todo seu 
nem tanto eu 
nem só sorriso 
nenhum rancor 
nenhum segredo 
nenhuma flor 
aos que sangraram 
aos que sonharam 
aos que perderam 
aos que brilharam 
aos que sofreram 
aos que fugiram 
aos que quiseram 
aos que fizeram 
nenhuma farpa 
nem só desejo 
nem todo pó 
nem tanta luz
nem só tristeza 
nenhum afeto 
nenhum alento 
nenhuma dor 
aos que se foram 
nenhuma lágrima 
aos que me deram 
nem só palavras 
aos que acolheram 
nem todo seu 
aos que esconderam 
nem tanto eu 
aos que me amaram 
nem só sorriso 
aos que odiaram 
nenhum rancor 
aos que me ouviram 
nenhum segredo 
aos que calaram 
nenhuma flor 
aos que sangraram 
nenhuma farpa 
aos que sonharam 
nem só desejo 
aos que perderam 
nem todo pó 
aos que brilharam 
nem tanta luz 
aos que sofreram 
nem só tristeza 
aos que fugiram 
nenhum afeto 
aos que quiseram 
nenhum alento 
aos que fizeram 
nenhuma dor

to those who passed away 
to those who gave to me 
to those who welcomed me 
to those who hid 
to those who loved me 
to those who hated me 
to those who heard me 
to those who kept silent 
not a tear 
not even words 
not all theirs 
not really me 
not even a smile 
no rancor 
no secret 
no flower 
to those who bled 
to those who dreamed 
to those who lost 
to those who shined 
to those who suffered 
to those who fled 
to those who desired 
to those who did 
no thorn 
not even a wish 
not all dust 
not so much light 
not even sadness 
no emotion 
no inspiration 
no pain 
to those who passed away 
not a tear 
to those who gave me 
not even words 
to those who welcomed 
not all of theirs 
to those who hid 
not really me

Epílogo

Epílogo (Ao Vivo)

Kismet

FATO da Tamancalha ao Sampler

Roquenrol

Brazilian fusion, World jazz, Improvisation, Pop Experimental
Curitiba, Brazil

(English)
FATO is an innovative quintet with an eclectic sonority, recognized by critics in Brazil and abroad through 7 albums, DVD, music book and videos. A strong characteristic of the group is the way they mix all sorts of musical elements from throughout Brazil in arrangements influenced by jazz, pop, MPB, free improvisation and more. Percussion plays a prominent role, especially the wooden clogs worn by the musicians who tap out elaborate syncopated rhythms inspired in the "fandango caiçara"(*). The sound of the clogs is a hallmark of Fato's music, either used on feet or transformed into Tamancalha (instrument made with clogs). Their album “Próximo” featured guest appearances of major Brazilian artists such as Lenine and was the 28th among the 100 Best of Brazilian Music in 2014 (embrulhador.com).

(*) tradition from the Brazilian southern coast


(Português)
O Grupo FATO é um quinteto que trabalha criativamente sobre canções desenvolvendo uma sonoridade original, reconhecida por críticos no Brasil e no exterior através de 7 álbuns, DVD, livro de partituras e diversos vídeos. Uma forte característica do grupo é a exploração de combinações sonoras inusitadas usando elementos de culturas tradicionais, instrumentos, loops e intervenções eletrônicas. Merece destaque a utilização dos tamancos de madeira do fandango caiçara(*) na música urbana como instrumentos, sejam usados nos pés ou transformados na tamancalha (instrumento de percussão manual feito com tamancos). Seu álbum "Próximo", contou com participações de grandes artistas brasileiros como Lenine e Pedro Luís, sendo o 28° entre os 100 Melhores da Música Brasileira em 2014  (embrulhador.com).

(*) tradição do litoral sul do Brasil

Segundo Rodolfo Stroeter, “o FATO mescla de forma inaudita a tradição (do Fandango do Paraná, por exemplo) com o inusitado, percorrendo uma trajetória que, a partir da visão do Sul brasileiro, abrange o Brasil moreno, urbano, rural, nordestino e muitas vezes sideral”.
 
Grace Torres – teclados / voz        
Ulisses Galetto – baixo / voz       
Priscila Graciano – percussão / bateria / voz
Daniel Fagundes – voz / violão / percussão 
Sergio Monteiro Freire – guitarra / sax / voz